13/02/2008 - 8:00
SEDE DA EMPRESA DE US$ 2,5 TRILHÕES MARCA O SKYLINE DE NOVA YORK
O que uma companhia com US$ 2,5 trilhões em capitais segurados nos Estados Unidos espera do Brasil? Provavelmente conquistar a liderança de mercado.
Mas esse não é um caminho fácil e a MetLife sabe bem disso. A grandiosidade da companhia em solo americano ainda está longe de ser repetida por aqui. A seguradora, especializada em vida e previdência, desembarcou no País em 1999, realizou duas aquisições nesse período, mas nunca soube ganhar dinheiro no Brasil. Somente no primeiro semestre do ano passado veio o alívio com o lucro de R$ 12,1 milhões. O resultado do ano de 2007 só será conhecido na segunda quinzena de fevereiro e deve confirmar os números no azul. Foi o primeiro sorriso que o Snoopy, o mascote oficial da companhia, pôde dar por aqui em oito anos.
Para entrar definitivamente em cena, a MetLife precisou modificar a distribuição de seguros no País. A empresa chegou a ter um batalhão com 300 pessoas como a sua força de vendas. Repetia a fórmula utilizada nos Estados Unidos, onde uma equipe própria sai às ruas em busca de clientes. Mas, no mercado brasileiro, as responsáveis legais pela oferta de seguros individuais e corporativos são as corretoras. O ponto final nessa estratégia ocorreu em 2006, com a chegada de José Roberto Loureiro à presidência. Ele estava à frente da CitiInsurance no Brasil quando a MetLife comprou a área mundial de seguros do Citigroup, por US$ 11,8 bilhões, em 2005. Loureiro foi convidado a ficar e comandar a MetLife. E, como primeira ação, enxugou a área comercial para 60 integrantes, que agora tratam diretamente com os seis mil corretores registrados. ?Eles também entraram com preços abaixo do mercado para conquistar clientes, mas as apólices eram deficitárias?, conta um corretor que pediu anonimato.
Outra mudança importante foi a parceria com os bancos para a distribuição dos seguros da companhia. Safra e Citibank já colocaram a MetLife na prateleira de seus produtos. Porém, chegar aos grandes bancos como Bradesco e Itaú é uma tarefa mais difícil. Eles possuem suas próprias seguradoras. No mercado americano, as instituições financeiras atuam apenas como distribuidoras. Essa força dos bancões brasileiros coloca as companhias especializadas no chinelo no ranking da Superintendência de Seguros Privados.
Até a metade do ano passado, o Bradesco era o líder, com R$ 4,3 bilhões em prêmios. E a MetLife possuía R$ 229 milhões. O executivo quer virar esse jogo. ?Os bancos brasileiros vão entender que o negócio deles é a distribuição de seguros?, afirma Loureiro.
O Brasil é tido como um dos principais mercados a serem explorados dentro do grupo MetLife.
Mas o País está muito atrás dos concorrentes México, Chile e Argentina, onde os negócios deslancharam há mais tempo.
Um acordo com o Banco do Estado do Chile, por exemplo, deu à MetLife uma exclusividade de 20 anos para explorar os seguros naquele país. ?O nosso acionista quer mais para o Brasil?, diz o diretor-presidente.
Para conseguir um retorno maior, ele planeja incrementar suas áreas de negócio. Seguros de vida e previdência privada continuarão como carro-chefe, mas ganharão a companhia das coberturas odontológicas. Esse é um segmento com planos baratos que atraem o público de menor poder aquisitivo. Com a melhoria de renda dessas pessoas, a saúde bucal é a porta de entrada para a MetLife vender seus outros produtos. E como a MetLife chegará a esse novo mercado? Através de aquisições. ?Precisamos acelerar o nosso plano, porque a possibilidade de bons negócios está diminuindo?, finaliza Loureiro. Os alvos da mordida do Snoopy não foram revelados.