Os casos de bebidas destiladas contaminadas com metanol mudaram hábitos de consumo na capital paulista, segundo estudo enviado em primeira mão para a IstoÉ Dinheiro pela Zig, plataforma de soluções tecnológicas e financeiras e para o mercado de entretenimento ao vivo, parceira de vários estabelecimentos no país.

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Entre 29 de setembro e 4 de outubro, logo após as primeiras notícias sobre os casos de intoxicação, houve uma queda de 70% nas compras de destilados em bares e restaurantes em relação aos sete dias anteriores. Gim (-77%), vodka (-75%) e rum (-72%) lideraram a queda, como demonstra o gráfico a seguir:

Variação do consumo de bebidas na semana após eclodir a crise do metanol (29/09 a 04/10). Os dados trazem comparação com a semana anterior (22 a 27/09)

A Zig identificou ainda um aumento no consumo de outras categorias, que conseguiu repor parte das perdas com as vendas de destilados. Os crescimentos mais expressivos ocorreram nos espumantes (58,28%), vinho (36,15%) e nos “ready to drink” ou RTDs (29,48%), categoria que abrange drinques enlatados prontos com álcool destilado.

Embora o consumo de cerveja tenha avançado apenas 7,05%, sua participação no total de bebidas vendidas saltou de 46,84% para 68,34%. Esse grande aumento na bebida alcoólica que já é preferida dos brasileiros se deve à drástica redução nas vendas de destilados, que encolheram o volume total de bebidas comercializadas no período.

Metanol afeta faturamento

Ainda segundo a Zig, houve uma queda geral de 27% no faturamento dos estabelecimentos. A Associação de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP) já havia apontado um dado similar, ao registrar que 26% dos seus associados tiveram queda nas vendas e destacar os mais dependentes da venda de drinks como principais afetados.

Os dados da Zig apontam que casas grandes e premium sofreram as quedas mais duras de faturamento. Os bairros com maior encolhimento nas vendas foram:

  • Itaim – 53,29%
  • Vila Madalena – 49,08%
  • Morumbi – 45,74%
  • Centro – 27,06%
  • Pinheiros – 21,73%

O consumo de destilados afundou em todos os horários e dias da semana, entre todas as faixas etárias. O público total dos estabelecimentos passou de 61.747 na semana anterior para 52.399 na semana da crise do metanol, uma variação negativa de 15,1%. O ticket médio foi de R$ 136 para R$ 118, uma queda de 13,2%.

O estudo da Zig analisou 393 mil pedidos feitos em 371 bares, restaurantes e casas noturnas no período. Ao todo, foram reunidas informações de 110 mil consumidores únicos.