14/08/2013 - 4:04
O empresário paulista Edgar Corona, de 56 anos, se esforça para manter a forma física. Com uma rotina de trabalho intensa, que inclui reuniões e viagens constantes para fora do País e outros Estados em que seu negócio está instalado, ele tenta conseguir tempo para treinar. Este fato sobre Corona impõe uma ironia: ele é dono da maior rede de academias da América Latina, a Bio Ritmo, que também detém a marca Smart Fit. Se o físico do empresário não vai bem, não importa, porque os negócios, esses, sim, estão entrando em forma. Dono de um faturamento de R$ 210 milhões em 2012 e com 104 unidades, o grupo alcançou 17ª posição num ranking mundial que elege as 25 maiores redes de academias do mundo, feito pelo International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA). A Bio Ritmo é a única brasileira a fazer parte do seleto grupo, com 250 mil alunos. Com unidades no México e no Chile, o grupo já planeja a entrada na Colômbia e no Peru em 2014.
Entrando em forma: no físico e nos negócios
A notoriedade do grupo Bio Ritmo, cuja bandeira tem 24 unidades, se deve ao crescimento da marca Smart Fit, criada em 2009 para atender a demanda de clientes que queriam um serviço diferente do oferecido na Bio Ritmo: menos sofisticado, mas funcional e de qualidade. De lá para cá, foram abertas 80 academias. A primeira delas foi instalda no Morumbi, um bairro nobre de São Paulo, com planos mensais baratos que variam entre R$ 49,90 e R$ 69,90. O que não se sabia ao certo era se uma academia com valor tão baixo agradaria aos mais endinheirados. A aposta deu certo. A estratégia foi seguir o mesmo padrão de qualidade da Bio Ritmo, cuja mensalidade custa cinco vezes mais, e com os mesmos aparelhos, mas não oferecer serviços personalizados, que encarecem os custos.
Grupo Bio Ritmo já é o maior da América Latina
Corona arrisca dizer que a classe média, acuada pelo aumento do custo de vida, decidiu pagar menos na academia e por isso o modelo de negócio vem dando certo. ?Quem paga caro na conta do supermercado, plano de saúde e moradia, não vê sentido em gastar R$ 250,00 para ficar em forma?, disse. Segundo empresário, o grupo se beneficiou com todas as classes. ?Estamos bem em lugares pobres como na Tijuca e em Madureira, no Rio de Janeiro; assim como estamos bem regiões de alto padrão nos Jardins e no Itaim, em São Paulo?, diz. Outra interpretação para o sucesso da nova marca é que, para as pessoas que querem simplesmente malhar, os aparelhos modernos e a infraestrutura confortável que a Smart Fit oferece são suficientes. “Costumamos dizer que o público da Smart Fit é como Havaianas, serve para qualquer classe social.”
Crescer em escala cobrando um tíquete tão barato do consumidor pode parecer arriscado, mas Corona preferiu ganhar no volume. ?Fizemos muitas contas, mas chegou uma hora que tínhamos de colocar a coisa toda para rodar?, disse Corona. No começo teve alguns tropeços, mas, depois os negócios se ajustaram.
Expansão
Quando estavam com 10 unidades da Smart e 20 Bio Ritmo, o dinheiro acabou. Tiveram de recorrer ao fundo de investimento brasileiro Pátria. A empresa não divulga o valor investido pelo fundo, mas foi o suficiente para acelerar o crescimento. Por ano, eles adquirem em média 2.800 esteiras, três mil estações de musculação. Para padronizar a operação e melhorar a eficiência, o grupo montou uma equipe para fazer a contrução dos espaços padronizados e a confecção de uniformes.
Rede Smart Fit tem 80 unidades
A expansão se deu também para além dos limites do País. A entrada no México aconteceu em 2012. Depois de muitas idas e vidas, conversas com investidores mexicanos, Corona fechou negócio com o grupo Sport City para a instalação de quatro unidades da bandeira Smart Fit. Hoje são oito. O plano de expansão mira novas 12 unidades até o final do ano com o investimento de US$ 6 milhões por parte da empresa no Brasil e mais US$ 6 milhões dos sócios mexicanos. A expansão para o Chile aconteceu no modelo de franquia também da marca Smart Fit. Até outubro deste ano, mais três serão abertas. O grupo tem planos de entrar no próximo ano na Calômbia e Peru, mas ainda não há investidores, nem capital.
No Brasil o investimento será de R$ 60 milhões na ampliação da rede. Até o fim do ano serão abertos 31 endereços, incluindo as suas marcas em todo o Brasil. Em 2014, serão abertas 40 unidades para ambas as marcas.
Queda de braço
A concorrência no setor de academias mostra que o mercado é promissor. Na corrida pela clientela, o grupo Bio Ritmo tem um adversário de força: o grupo Bodytech, dos empresários Alexandre Accioly, Luiz Urquiza e João Paulo Diniz. Com um faturamento de R$ 230 milhões no ano passado, a rede, que também é dona da marca Formula ganha em faturamento, mas não em número de alunos: 105 mil, ante 250 mil do Bito Ritmo. Nem em número total de unidades: 54, ante 104 da concorrente. O valor de seu tíquete é que faz a diferença: pode variar entre R$ 280,00 e R$1.000,00, dependendo dos serviços prestados. Para Corona, mesmo forte, a concorrência não incomoda. “Meu concorrente é o sofá. O que temos de fazer é tirar as pessoas de lá e colocar na nossa academia.”
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