29/10/2010 - 21:00
Às vésperas do desembarque do beatle Paul McCartney no Brasil, a homenagem era inevitável. Assim como na canção as palavras “Michelle” e “ma belle” se harmonizam, a primeira-dama americana, Michelle Obama, também combina muito com o mundo fashion. O que ela veste vira ouro. Seu magnetismo de passarela – afinal, la belle de Obama tem altura de modelo, 1,82 metro – foi atestado por um estudo de professores da prestigiosa universidade americana Harvard.
Criador e musa: O estilista Jason Wu, Michelle Obama e o vestido que ela usou
na posse do marido, doado ao museu smithsonian
Segundo o levantamento, o estilo de Michelle injeta saúde financeira na indústria da moda, em plena crise econômica galopante. Nas 189 vezes em que botou os pés para fora da Casa Branca, entre novembro de 2008 e dezembro de 2009, a sra. Obama gerou às empresas que assinam suas roupas um valor de mercado acumulado em US$ 2,7 bilhões. Nunca uma primeira-dama deu tanto retorno às grifes que veste, revela o professor David Yermack, um dos autores da pesquisa.
Considerada mais popular que o marido – que anda com problemas nesse quesito, devido à crise –, tudo o que Michelle usa some rapidamente das vitrines e ateliês espalhados pelo país continental de cerca de 300 milhões de habitantes.
“Meus produtos estão voando das lojas”, comemorou a designer Naeem Kham, em entrevista ao The Wall Street Journal, após Michelle ter usado um vestido criado por ela. Outro que se beneficiou com a poderosa e midiática cliente foi o jovem chinês Jason Wu.
Ele vestiu Michelle no baile da posse histórica e se tornou um dos estilistas mais assíduos do closet da primeira-dama. O vestido foi doado ao Museu Smithsonian, o maior complexo de museus do mundo.
Michelle é pop: camiseta promocional, estampada com a figura da primeira-dama americana
Narciso Rodrigues, Maria Pinto, Isabel Toledo e Azedine Alaïa, entre outros, também entraram para o panteão fashion de Washington. A robustez do “efeito Obama” surpreende.
Uma amostragem de 18 aparições importantes de Michelle apresentou um retorno de 2,3 % para os papéis das grifes que usou. Bem acima da média de 0,5% de crescimento que costuma resultar das campanhas publicitárias endossadas por celebridades do show biz.
O porquê de tudo isso? Michelle é pop. Uma mulher de verdade. Diferente da aristocrática Jacqueline Kennedy (1929-1994) – outro ícone fashion forjado na Casa Branca —, Michelle é um tipo comum, tanto no porte e nos traços físicos quanto no conteúdo do seu guarda-roupa.
Nos seus cabides, peças de alta-costura convivem lado a lado com as de lojas de departamento.“Os tempos mudaram, antigamente era chique ser de elite. Hoje, quanto mais simples e democrático, melhor.
A sra. Obama é uma mulher bonita, elegante e tem a cara do povo americano. Isso gera identificação”, analisa Claudia Matarazzo, chefe do cerimonial do governo de São Paulo. “Mas Jacqueline Kennedy só não alcançou esse sucesso comercial porque as comunicações não eram tão evoluídas e ágeis, na época”, diz Claudia.
De acordo com a pesquisa publicada na revista Harvard Business Review, a tecnologia é realmente fator fundamental nesse processo.
A internet permite a pulverização instantânea de informações sobre os trajes da esposa de Obama a milhões de pessoas que veem e compram online. Pela primeira vez na história, a influência de uma figura pública é imediata e seu alcance, praticamente onipresente.
Cada vez que aparece, Michelle cria uma média de US$ 14 milhões em valor de mercado para a grife que teve a sorte de ser escolhida por ela. Garota-propaganda melhor não há.