28/10/2017 - 8:25
Apesar da queda da inflação, do recuo dos juros e da melhora da confiança dos empresários e dos consumidores, o quadro para as micro e pequenas empresas segue difícil. Em agosto, 4,8 milhões de micro e pequenas empresas estavam inadimplentes no País. É uma marca recorde.
Em um ano, o número de companhias desse porte que não conseguiram pagar em dia as suas dívidas aumentou 14%. No período, 600 mil, em todo o País, engrossaram a lista de inadimplentes, aponta um estudo da Serasa Experian, consultoria especializada em informações econômicas e financeiras.
“Essas micros e pequenas representavam 93% do total de companhias inadimplentes no Brasil em agosto deste ano”, afirma o economista Luiz Rabi, responsável pelo estudo. Em agosto, existiam 5,1 milhões de empresas, de todos os portes, que estavam na lista de devedores e com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) negativado. Isto é, elas estavam impedidas de fazer transações bancárias. O estudo considera como pequena e microempresa companhias com faturamento anual de até R$ 4 milhões.
O critério de inadimplência varia e depende do parâmetro usado pelo credor que enviou o CNPJ para a lista da Serasa. A maior parte das dívidas em atraso (75%) é não bancária. Isto é, são pendências com fornecedores e factorings, com quem os empresários costumam descontar as duplicatas.
Primeiro estudo
O economista observa que foi a primeira vez que foi feito um estudo para avaliar a inadimplência das empresas segmentado por tamanho: “Observamos que a inadimplência do consumidor vem caindo por conta da queda dos juros e da inflação. E a inadimplência das pessoas jurídicas não para de crescer.”
Os resultados mostraram que a inadimplência das pessoas jurídicas foi puxada pelo avanço do calote das micro e pequenas empresas. Em março deste ano, havia 5 milhões de empresas de todos os portes inadimplentes, segundo a Serasa. Destas, 4,1 milhões ou 82% eram pequenas e microempresas. Desde junho, o total de empresas com dívidas em atraso ficou estabilizado em 5,1 milhões e o número de pequenas e microempresas inadimplentes avançou.
O economista explica que as médias e grandes empresas conseguiram sair da lista de inadimplentes favorecidas pelo aumento das exportações. Já a pequenas e microempresas, que dependem basicamente das vendas no mercado interno e não exportam, viram a situação piorar porque a recuperação do consumo doméstico é gradual. Das 4,8 milhões de pequenas e microempresas inadimplentes, 45,4% são prestadoras de serviços, quase a mesma fatia (45,3%) atua no comércio e 8,8% são empresas industriais.
O presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), Joseph Couri, diz que apesar de as expectativas dos pequenos e microempresários em relação ao futuro terem melhorado, os dados concretos revelados por um pesquisa feita pelo Simpi em setembro indicam que a situação é preocupante porque o mercado interno continua em crise e as pequenas e microempresas têm como alvo esse setor. Metade das micro e pequenas indústrias não tem capital de giro para passar o mês: “O crédito a custos reduzidos não chegou na ponta para o pequeno e microempresário.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.