10/07/2025 - 9:58
Veículos destacam motivações políticas e pressão ideológica do republicano ao anunciar taxa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA
+ BRAZIL JOURNAL: Brasil fica em situação pior até mesmo que a China
Der Spiegel (Alemanha) – Trump impõe tarifas de 50% ao Brasil, por processo contra Bolsonaro
Até agora, Donald Trump citava razões econômicas para suas tarifas punitivas – mesmo que nem sempre pareçam conclusivas. O caso do Brasil é diferente: a tarifa de 50% é abertamente motivada por razões políticas. […]
A carta para o Brasil é um desvio notável das cartas tarifárias usuais enviadas pelos EUA a outros países. Trump geralmente justifica suas tarifas punitivas com supostos – e mais ou menos compreensíveis – desequilíbrios nas relações comerciais.
Até agora, os cálculos das tarifas foram baseados em um fator que há muito tempo preocupa Trump: o déficit comercial dos EUA com outros países, ou seja, a diferença entre exportações e importações. De acordo com muitos especialistas, esse cálculo não é conclusivo. No caso de Bolsonaro, no entanto, Trump agora parece estar desconsiderando até mesmo argumentos econômicos frágeis e justificando politicamente sua decisão tarifária.
El País (Espanha) – Trump impõe tarifa de 50% ao Brasil em punição à “caça às bruxas” contra Bolsonaro por seu processo por golpe
O presidente dos EUA ultrapassa um limite em suas ameaças comerciais e envia novas cartas a outros oito países para pressioná-los nas negociações antes do prazo final de 1º de agosto. […]
Todos esses anúncios, somados ao envio das cartas, não apenas reativaram nesta semana a guerra comercial iniciada por Trump quando ele retornou à Casa Branca em janeiro; eles também trouxeram de volta as formas agressivas e erráticas que definiram os primeiros meses de sua política econômica, caracterizada por seu isolacionismo e pela personalidade volátil de quem está no comando.
E, no caso do Brasil, também marcaram um antes e um depois no uso de tarifas como uma ferramenta de pressão ideológica sobre aqueles que não pensam como Trump. Alguém que, é justo lembrar, também instigou, como Bolsonaro, sua própria insurreição: o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
The New York Times (EUA) – Trump promete tarifas de 50% contra o Brasil, citando “caça às bruxas” contra Bolsonaro
A disputa que se intensifica rapidamente tem potencial para grandes repercussões econômicas e políticas, especialmente no Brasil. Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China, e Trump parece estar exigindo o fim do processo de Bolsonaro para suspender as exorbitantes tarifas.
O esforço de Trump para usar as tarifas para intervir em um julgamento criminal em uma nação estrangeira é um exemplo extraordinário de como ele usa as taxas como um porrete de tamanho único – e como elas podem gerar destruição econômica como resultado. […]
O senhor Trump também disse incorretamente que os Estados Unidos têm um déficit comercial com o Brasil. Durante anos, os Estados Unidos mantiveram, em geral, um superávit comercial com o Brasil. Os dois países tiveram cerca de 92 bilhões de dólares em comércio no ano passado, com os Estados Unidos desfrutando de um superávit de 7,4 bilhões de dólares no relacionamento. Os principais produtos comercializados são aeronaves, petróleo, maquinário e ferro.
The Guardian (Reino Unido) – Trump anuncia tarifa de 50% sobre Brasil, citando “caça às bruxas” a Bolsonaro
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As últimas ameaças do presidente dos EUA aumentaram os temores de que sua estratégia comercial errática corra o risco de exacerbar a inflação em todos os EUA, depois de ter prometido repetidamente na campanha reduzir os preços rapidamente.
Trump parece estar ciente dessa apreensão. “Reduzi os custos mais do que qualquer presidente na história”, escreveu ele nas mídias sociais na noite de terça-feira. “Os democratas corruptos estão usando a narrativa oposta, embora saibam que é uma MENTIRA total.”
A análise da Oxford Economics indicou que a taxa tarifária efetiva dos EUA sobre as importações do exterior aumentaria para cerca de 20% após as últimas cartas tarifárias. “Isso representa um aumento em relação aos 17%, mas é menor do que nosso limite de recessão de 25% a 28%”, disse Michael Pearce, economista adjunto da Oxford Economics nos EUA.