13/01/2016 - 15:29
Com rostos alegres, um primeiro grupo de 180 migrantes cubanos, dos quase 8.000 bloqueados na Costa Rica desde novembro, partiram na madrugada desta quarta-feira de El Salvador rumo à Guatemala, para seguir sua tão esperada viagem aos Estados Unidos.
Os quatro ônibus que transportam os cubanos entraram pelo posto fronteiriço de Pedro de Alvarado, cerca de 150 km ao sudeste da Guatemala, e continuaram viagem com destino à fronteira com o México, em Tecun Uman.
No México, os migrantes deverão continuar seu caminho por conta própria, depois que o governo mexicano liberou um visto temporário de 20 dias para que alcancem o território americano.
Os cubanos chegaram em El Salvador durante a madrugada procedentes da Costa Rica em um voo especial.
No aeroporto salvadorenho foram recebidos pelo chanceler, Hugo Martínez, pelo procurador local dos Direitos Humanos, David Morales, e funcionários da imigração.
A imprensa não teve acesso aos migrantes, 71 dos quais são mulheres e 109 são homens.
Os cubanos, felizes apesar do cansaço da travessia, levantaram suas mãos para dizer adeus aos poucos salvadorenhos que permaneciam no terminal aéreo.
“Estou muito agradecido com El Salvador, Costa Rica e com o Sistema de Integração (centro-americano) completo pela ajuda que nos deram, e por nos oferecerem esta passagem segura ao México”, declarou à imprensa estatal o jovem cubano Lazaro Peña.
“Nosso objetivo é chegar nos Estados Unidos o quanto antes”, manifestou Peña, que permaneceu na Costa Rica por dois meses e seis dias.
“Este é um projeto piloto e estamos felizes em vê-lo ser concluído esta noite”, disse o ministro das Relações Exteriores Martinez em uma conferência de imprensa.
Na terça-feira, antes de embarcarem no avião no aeroporto de Liberia, 200 km ao norte de San Jose, os viajantes se despediram emocionados de seus compatriotas.
Ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, Manuel Gonzalez, explicou que a viagem do primeiro grupo era de um projeto-piloto para testar o mecanismo traçado com El Salvador, Guatemala e México, para permitir que os cubanos continuem seu percurso.
Após a decisão da Nicarágua de fechar a passagem para os cubanos, 7.800 migrantes ficaram retidos na Costa Rica e outros 2.000 estão no Panamá.
A secretária de Imigração da Costa Rica, Katia Rodríguez, considerou que podem ser necessários cerca de 28 voos para evacuar os cubanos que vivem em 38 abrigos em seu país.
Nos Estados Unidos, não está claro como os cubanos serão recebidos, embora as autoridades americanas tenham assegurado que segue em vigor a política de “pés secos/pés molhados”, que permite que os cubanos permaneçam legalmente nos Estados Unidos assim que pisarem nesse território.
O início do processo de reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba, em dezembro de 2014, levou milhares de cubanos a migrar por medo de que Washington retire os benefícios de imigração.
“A viagem até aqui não foi fácil, mas o mais difícil encontramos aqui”, lembrou um dos passageiros, o caminhoneiro Ruben Chil, de 38 anos, referindo-se a decisão da Nicarágua de impedir a entrada em seu território.
Chil espera chegar o quanto antes em Miami, onde tem família, para conseguir um emprego como motorista de caminhão e, em seguida, poder trazer sua esposa e dois filhos, que permaneceram em Guanajay, Cuba.
Yordani Casanova, de 33 anos, também está animado. Proprietário de um negócio de bebidas à base de plantas naturais em Puerto Padre, empreendeu a viagem com sua esposa, Lisleni Fernandez.
Sua esposa acrescentou que eles querem trabalhar nos Estados Unidos para que daqui dois anos possam buscar seus dois filhos, com 4 e 8 anos, que permaneceram com seus avós em Cuba.
No entanto, alguns sentem medo. “Disseram que no México há grupos criminosos que assaltam no trajeto”, declarou Casanova.
Para evitar esses perigos, a tradutora Liena Cabezas, de Havana, disse que pretende tomar um voo no sul do México para uma cidade perto da fronteira com os Estados Unidos.
A secretária de Imigração da Costa Rica disse que os países envolvidos no trânsito de cubanos se reunirão na próxima semana para decidir os próximos passos para a transferência dos que permaneceram.
A Organização Internacional das Migrações afirmou que o primeiro grupo foi selecionado porque puderam pagar os custos da viagem.
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