O presidente da Argentina, Javier Milei, promoveu na sexta-feira, 14, em suas contas no X, o antigo Twitter, e no Instagram uma criptomoeda chamada LIBRA. Em um post fixado no topo do perfil, o libertário afirmou que a moeda, supostamente criada pela iniciativa privada, seria dedicada a financiar pequenas e médias empresas no país.

Ele também publicou o site da criptomoeda e um QR Code para acessar seu token.

Poucas horas após o post de Milei, o ativo recém-criado se valorizou exponencialmente e, em seguida, perdeu quase todo seu valor. A publicação provocou furor nas redes sociais do país. Enquanto opositores acusaram Milei de tentar usar o cargo para promover o criptoativo, seus defensores suspeitaram de uma fraude ou a ação de algum hacker.

A assessoria de Milei, no entanto, confirmou ao Clarín a veracidade dos posts, que foram excluídos pouco depois de sua valorização e desvalorização repentina.

Segundo a assessoria de Milei, o presidente de fato publicou a mensagem, mas não está envolvido com o projeto, e apenas deu publicidade à iniciativa para que a população não suspeitasse que ela poderia se tratar de um golpe.

No site do criptoativo, os autores do projeto demonstram sua afinidade com o presidente.

“Como símbolo desse movimento e em homenagem às ideias libertárias de Javier Milei, estamos lançando o token $LIBRA, criado para fortalecer a economia argentina do zero, apoiando o empreendedorismo e a inovação”, diz o site do projeto, Viva La Libertad Project, batizado com o slogan do libertário.

Recentemente, segundo a imprensa argentina, Milei se reuniu com representantes do setor na Casa Rosada. Especialistas em criptoativos dizem que a oscilação no valor da Libra pode ter a ver com a pequena quantidade da criptomoeda disponibilizada para comercialização.

De toda a forma, o episódio despertou a ira da oposição argentina, que promete inquerir o governo sobre o caso no retorno do ano legislativo, no mês que vem.

A Coalizão Cìvica promete abrir uma CPI sobre o caso.

“Javier Milei foi eleito para defender todos os argentinos, não para favorecer os interesses inescrupulosos de um grupo de pessoas próximas a ele e com antecedentes duvidosos. Durante cinco horas, o presidente promoveu em suas redes sociais a compra de ações de uma nova criptomoeda, que em pouco tempo foi desvalorizada, causando uma enorme fraude”, disse o deputado Pablo Juliano.

“Quem se beneficiou economicamente e quem foi prejudicado? Por que a autoridade máxima da República decidiu promover uma criptomoeda e, depois que o escândalo estourou, decidiu voltar atrás e excluir o conteúdo de suas redes sociais?”, acrescentou.

E salientou: “O que aconteceu é muito grave do ponto de vista institucional. O Congresso e o Judiciário devem atuar como contrapeso a um Poder Executivo que transgride a lei todos os dias.”