01/07/2015 - 10:32
Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas nesta quarta-feira em Hong Kong para pedir a instauração do sufrágio universal, no dia em que a devolução da ex-colônia britânica à China completa 18 anos.
A manifestação reuniu um número menor de ativistas que a do ano passado, que contou com 510.000 pessoas, que protestaram contra a recusa de Pequim a permitir que os eleitores de Hong Kong escolham de maneira livre o chefe do Executivo na votação de 2017.
O movimento pró-democracia ocupou no ano passado, durante dois meses, grandes avenidas da cidade antes de uma ação policial para desocupar a área.
Desde então, partidos e associações não conseguiram voltar a mobilizar a população.
“Todos esperavam uma participação menor que a do ano passado porque o estímulo popular não é o mesmo”, explicou Johnson Yeung, da associação Civil Human Rights Front.
O projeto de reforma apresentado pelo governo previa que todos os eleitores de Hong Kong poderiam votar no chefe do Executivo local, que atualmente é designado por um comitê leal a Pequim. Mas, ao mesmo tempo, dava ao Partido Comunista Chinês a competência de designar os candidatos.
Os deputados pró-democracia conseguiram paralisar a reforma em junho no Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong.
O atual chefe do Executivo, Leung Chun-ying, lamentou a atitude dos parlamentares e criticou os ideais democráticos, citando a situação da Grécia.
“Como demonstra a experiência de algumas democracias europeias, os sistemas e procedimentos democráticos não são a panaceia para a economia”, disse em uma cerimônia para comemorar a devolução de Hong Kong à China em 1997.
Ativistas tentaram interromper o discurso e alguns exibiram um caixão de cartolina com a frase “Caixão de Hong Kong – Data da morte: 1997”.
Também queimaram fotos do chefe do Executivo e uma pessoa foi detida por queimar a bandeira de Hong Kong, mas pouco depois foi liberada com o pagamento da fiança.
A ex-colônia britânica tem o estatuto de Região Administrativa Especial (RAS) que, a princípio, representa uma ampla autonomia dentro do modelo “um país, dois sistemas”.
Os moradores do território têm uma liberdade de expressão que não existe na China continental e um sistema judicial herdeiro do direito inglês. Mas nos últimos anos, os moradores de Hong Kong viram um retrocesso em suas liberdades com a intervenção de Pequim em assuntos internos.
Este é o caso de Wong Many-ying, uma mulher de 61 anos, que se uniu à manifestação desta quarta-feira entre o Parque Vitoria – onde foram exibidos novamente os guarda-chuvas amarelos, símbolos do movimento democrático – e a sede do governo, no centro do bairro financeiro.
“O mais importante é expressar a desaprovação aos governos de Hong Kong e ao governo do Partido Comunista por suprimir as liberdades do povo chinês e impedir eleições reais para o povo de Hong Kong”, disse à AFP.
Ao mesmo tempo, associações pró-China comemoraram o aniversário da devolução de Hong Kong a Pequim com bandeiras chinesas.