Protesto “No Kings” (Sem Reis) acontece de forma simultânea em 2 mil cidades. Em Washington, Trump convoca raro desfile militar para celebrar aniversário do Exército.Milhares de americanos tomam as ruas dos EUA neste sábado (14/06) em uma onda de protestos contra políticas do presidente Donald Trump. Mais de 2 mil cidades recebem os atos de forma simultânea em todo o país.

Eles foram organizados para se contrapor e coincidir com um controverso desfile militar convocado por Trump em Washington para celebrar os 250 anos do Exército dos EUA. Mais de 200 mil pessoas são esperadas para acompanhar a parada militar, um evento raro nos Estados Unidos. Este sábado também é a data do aniversário do presidente americano.

Já ao redor do país, cidades como Atlanta, Philadelphia, Houston, Flórida, Nova York e Los Angeles recebem a manifestação apelidada de “No Kings” (Sem Reis). Esta já é considerada a maior demonstração pública contra o republicano desde que ele retornou ao poder, em janeiro deste ano.

O nome é uma referência à defesa de que nenhum indivíduo está acima da lei no país e faz um contraponto à gestão de Trump acerca dos protestos contra operações anti-imigração que tomaram Los Angeles, cidade majoritariamente democrata, na última semana.

Opositores afirmam que o presidente tomou medidas autoritárias ao convocar a Guarda Nacional e fuzileiros navais para reprimir as manifestações. A presença de militares escalou os confrontos com os manifestantes, contrários às repetidas detenções de imigrantes adotadas pela gestão federal.

Milhares vão para as ruas

Neste sábado, porém, um clima festivo tomou conta das ruas de Los Angeles, onde centenas de pessoas se reuniam e agitavam bandeiras americanas e mexicanas, sob forte presença policial. Cartazes com os dizeres “Honre as tropas (não Trump)”, “Sem Reis” e “Sem Reis desde 1776” foram erguidos.

Já na Flórida, o governador republicano Ron DeSantis disse que motoristas poderiam avançar com seus veículos caso se sentissem ameaçados. “Você não precisa ficar sentado como um pato e deixar que a multidão o tire do carro e o arraste pelas ruas”, disse ele. “Você tem o direito de se defender na Flórida”.

No Texas, o Departamento de Segurança Pública afirmou que “identificou uma ameaça contra legisladores estaduais que planejavam participar” da manifestação na capital do estado e forçaram a evacuação do público. Na Geórgia, policiais usaram gás lacrimogêneo para impedir manifestantes de acessarem uma rodovia interestadual.

Em Minnesota, os protestos foram cancelados após dois parlamentares estaduais serem baleados em um crime tomado pelo governador Tim Walz como “politicamente motivado”. Investigadores acreditam que o atirador também poderia mirar a manifestação.

Apoiadores e críticos de Trump em Washington

Já em Washington, onde acontece o festival militar convocado por Trump, ao menos uma organização obteve autorização para realizar uma marcha que terminará em um comício em frente à Casa Branca.

Trump advertiu contra protestos simultâneos ao evento, dizendo que “serão recebidos com força máxima” se houver distúrbios. Apesar da previsão de fortes tempestades durante a noite, o Exército manteve a previsão de realização do desfile. Outras atividades já acontecem durante o dia, o que misturou grupos pró e anti-Trump nas ruas da cidade.

Para evitar confrontos, militares montaram um forte aparato de segurança para entrar no festival, com 30 km de cercas pretas de 2,4 metros de altura, muitas reforçadas com barreiras de concreto, isolando ruas e pontos turísticos como o Monumento a Washington.

Críticos acusam o desfile de ser uma demonstração autoritária de poder e um desperdício de dinheiro, especialmente diante da promessa de Trump de cortar gastos em todo o governo federal. Apesar de mais comuns em outros países, paradas deste tipo são raras nos EUA.

As comemorações custarão entre 25 milhões e 45 milhões de dólares ao Exército dos EUA (R$ 138 milhões a R$ 249 milhões), segundo as autoridades, o que inclui o desfile, transporte de equipamentos, alojamento e alimentação das tropas. Eles acontecem em meio à escalada de tensões entre Israel e Irã.

7 mil soldados

Defensores do evento dizem que os 250 anos do Exército são uma ocasião única que merece uma celebração à altura. Milhares de agentes, oficiais e especialistas de agências de segurança de todo o país foram mobilizados, e drones da Secretaria do Serviço Secreto vigiavam o céu.

A Administração Federal de Aviação (FAA) suspendeu pousos e decolagens no aeroporto Reagan, em Washington, durante o auge das celebrações.

O Exército levou cerca de 7 mil soldados a Washington, junto com 150 veículos, incluindo mais de 25 tanques M1 Abrams, 28 veículos blindados Stryker, quatro peças de artilharia autopropulsadas Paladin e canhões.

A exibição aérea contará com helicópteros Apache, Black Hawk e Chinook. Aeronaves antigas, como o bombardeiro B-25 da Segunda Guerra Mundial e o caça P-51 Mustang, também participarão.

gq (ap, reuters, ots)