27/05/2021 - 8:34
Os militares do Mali libertaram o presidente e o primeiro-ministro de transição, ao mesmo tempo que parecem cada vez mais distantes da exigência internacional de retorno rápido a um processo conduzido por civis, depois do que parece um segundo golpe em nove meses.
Com a libertação discreta durante a madrugada de quinta-feira do presidente Bah Ndaw e do primeiro-ministro Moctar Ouane, o homem forte do poder, o coronel Assimi Goïta, e os outros golpistas de 2020 atendem um pedido feito pelo Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira.
Mas parecem muito distantes da “retomada imediata” de uma transição civil liderada por civis, também exigida pelo Conselho de Segurança e outros organismos e países.
O Conselho de Segurança havia solicitado “a libertação segura, imediata e incondicional de todos os funcionários detidos e pediu aos elementos de defesa e forças de segurança que retornem a seus quartéis sem demora”.
O coronel Goïta afirmou à missão internacional enviada na terça-feira a Bamako que esperava liderar a transição e nomear o primeiro-ministro, informaram diplomatas que pediram anonimato.
Esta nova tomada de poder, que a comunidade internacional criticou após o golpe concretizado pelos mesmos coronéis em agosto de 2020 contra o presidente eleito Ibrahim Boubacar Keïta, prejudica novamente o futuro do país, crucial para a estabilidade na região do Sahel.
A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), França e Estados Unidos mencionaram a ameaça de sanções.
Os militares ainda não falaram até o momento sobre seus planos.
O presidente e o primeiro-ministro, que segundo os militares renunciaram aos cargos, foram liberados durante a madrugada, confirmaram suas famílias. Os dois retornaram para suas casas em Bamako.
Desde sua detenção, o presidente e o primeiro-ministro de transição estavam relegados ao silêncio no campo militar de Kati, a 15 km de Bamako.
O presidente Keïta, reeleito um ano antes, foi levado para o mesmo local pelos militares em 2020 e obrigado a renunciar ao cargo.