21/09/2015 - 0:00
Trucar as empresas. Essa já é a primeira grande contribuição da geração Millennial para o mundo atual. Gíria criada a partir do jogo de truco, popular nas regiões Sul e Sudeste, trucar representa o ato de apostar, mas traz consigo o significado de desafiar. Sim, os Millennials estão desafiando as empresas.
Sem um consenso sobre os limites da geração Millennial, também conhecida como Y, reúne os jovens nascidos no final do século passado e, portanto, os primeiros a ter toda a formação na era da Internet. Engloba, assim, jovens entre 18 e 30 anos.
Nos Estados Unidos, onde essa geração tem sido mais estudada, já é a maior e mais diversa força de trabalho de todos os tempos, forjada pela tecnologia, propensa a estudar mais, formar comunidades e a se dedicar às ciências sociais e humanas.
No Brasil, segundo pesquisa divulgada no ano passado, 71% deles acreditam que pode fazer a diferença aqui e 51% esperam fazer a diferença no mundo; 61% são otimista quanto ao futuro; a maioria busca investir na educação e 36% querem empreender o próprio negócio, a maior marca global.
Lá fora ou aqui, há portanto fortes indícios de que os Millennials irão redesenhar o mundo dos negócios e não simplesmente se adaptar ao modelo atual, hierarquizado, departamentalizado e pautado pelo comando e controle.
Para entender melhor as relações entre essa geração e os rumos da Nova Economia, a conferência internacional Sustainable Brands Rio, realizada no final de agosto, convidou 25 jovens entre 18 e 25 anos para um laboratório, no qual eles acompanharam e interagiram com o conteúdo do evento corporativo.
Ao final, os participantes desta iniciativa subiram ao palco principal para apresentar aos executivos as percepções formadas durante a conferência. Eis um resumo do Manifesto do Millennials Lab:
“…Aqui, nós conseguimos acreditar em vocês como pessoas. Mas ainda não conseguimos acreditar nas empresas que vocês estão representando.
Somos uma geração que só acredita vendo. Histórias bonitas não nos convencem, porque sabemos que a realidade não é assim. Nós SOMOS a realidade.
A grande pergunta que ficamos quando pensamos em sustentabilidade é: por que continuamos construindo um mundo que não queremos e no qual não acreditamos? A intenção é muito bonita, mas não é o suficiente.
…Queremos menos marketing, mais verdade e transparência.
…Entendemos o problema, e queremos ser PARTE da solução.
Estes valores que vocês estão buscando construir, nós já nascemos com eles. Fazem parte de nós. Então por que não conectar os pontos?
Quando nos conectamos com vocês como seres humanos, ficamos iguais. Aqui, no Sustainable Brands, nos sentimos ouvidos e essa troca entre iguais aconteceu. Nossa opinião e nossas ideias foram valorizadas.
No entanto, no dia a dia das nossas vidas, não nos sentimos conectados verdadeiramente com as organizações onde vocês trabalham.
E acreditamos que vocês não se sentem conectados com a juventude, pelo menos não como vocês gostariam, e principalmente, necessitam. Foi isso que sentimos aqui.
Pensando em como podemos nos aproximar, tivemos algumas ideias…
Pensamos no “Tratado Millennials”: uma espécie de pacto, um compromisso, que as empresas assumiriam de dialogar com o jovem.
Quase um selo, baseado nessa responsabilidade, de que a empresa dá espaço para a participação dos Millennials aceitando suas ideias, opiniões, propostas. Quer dizer que essa empresa valoriza o jovem como parte da construção de soluções para o futuro.
Dentro da “política de participação”, outra ideia que tivemos foi a instituição do “Millennials Day”.
…Ainda dentro da política, um terceiro formato seria empoderar os jovens que já estão atuando na organização. Os estagiários e trainees seriam uma ponte dentro da empresa com os jovens que estão fora da empresa.
Essas foram algumas ideias que tivemos para nós, como geração Millennials, nos aproximarmos e conectarmos de vocês e diminuir a barreira invisível que parece existir hoje.
…Que seja apenas um começo.”
Truco!