A decisão deixou perplexos os próprios executivos da Nutril Nutrimentos Industriais. Era o início dos anos 90 quando chegou a nova determinação do conselho: a empresa, que durante uma década disputou o segmento de compras governamentais dos itens que compõem a cesta básica ? tais como arroz, feijão e farinha ?, passaria dali em diante a produzir lácteos, achocolatados e pós para refrescos. Entrava naquele momento na arena dominada por gigantes como Nestlé e Parmalat. Deu certo. Hoje, a Nutril detém 11% do mercado nacional de leite em pó e figura na quarta colocação entre os achocolatados. O sucesso deve-se à opção de fabricar produtos para a classe C. ?Essa faixa responde por 28% do consumo do País, ou cerca de R$ 226 bilhões?, explica Frederico Marcos Oliveira, diretor de marketing da Nutril, citando pesquisa da Boston Consulting. A mudança de rumo foi sustentada por investimentos de R$ 50 milhões, aplicados em marketing e na construção de duas fábricas em Contagem (MG). Resultado: a empresa viu seu faturamento saltar de R$ 25 milhões, em 1990, para R$ 160 milhões, no ano passado.

Oliveira diz que para 2002 a meta é manter o crescimento na faixa dos 20%. Para atingir tal objetivo a Nutril vai fortalecer os músculos no segmento de produtos dietéticos, ampliar a linha de pós para refresco, além de lançar outros seis produtos. Uma parte da verba também vai ser gasta em ações de marketing. A expansão vai consumir R$ 8 milhões. No primeiro caso, a arma escolhida é o recém-lançado Leve & Diet, complemento alimentar usado por pessoas que desejam perder peso. Para roubar mercado do líder Diet Shake, a estratégia é trabalhar com preço 50% abaixo da concorrência. Apesar disto, o diretor de marketing nega que a Nutril seja uma marca predatória. ?Nossa competitividade se deve a um trabalho de longo prazo, no qual priorizamos os investimentos em produtividade, pesquisa e divulgação?, justifica Oliveira.