Aquela dúvida cruel de ter ou não ter uma casa na praia – é caro de manter, passa a maior parte do ano fechada, sem falar nas questões de segurança e logística – pode estar com os dias contados. Ganha força no mercado hoteleiro a opção de venda de residências e apartamentos em resorts de luxo no litoral brasileiro. Entre as vantagens, o novo “morador” do hotel tem direito a serviços de manutenção e limpeza, segurança 24 horas, acesso a restaurantes e ao lazer dos empreendimentos. Outro dado torna a proposta ainda mais atraente: dá para alugar o imóvel para o próprio hotel, faturando uma porcentagem de sua taxa de ocupação. 

 

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Baixo impacto, alto luxo: à esq., projeto de casa no Txai Terravista, em Trancoso, que pode ser alugada pelo futuro dono.

Acima, a construção sustentável do Tivoli Ecoresidences, na Praia do Forte, têm telhado de piaçava

 

Só na Bahia, três das maiores bandeiras do turismo exclusivo nacional abriram suas portas a potenciais condomínios: o Tivoli Ecoresidences, na Praia do Forte, o Kiaroa, na península de Maraú, e o novíssimo Txai Terravista Trancoso, que iniciou as obras em novembro de 2012. Neste último, uma área de mais de 71 mil metros quadrados ao lado do campo de golfe de 18 buracos Terravista e a seis quilômetros do Quadrado, o point de Trancoso, irá receber o hotel e um pacote residencial que inclui 19 lotes para residências e outros oito bangalôs. Além desses, todos os 42 apartamentos do hotel, chamados de villas, também estarão disponíveis para a comercialização.

 

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José Romeu Ferraz Neto, Txai Resorts: ”você tira a dor de cabeça

de quem tem casa na praia”

 

“É uma modalidade de investimento ainda pouco explorada no Brasil. Você tem uma área de lazer com unidade hoteleira relativamente pequena e, ao redor, um imobiliário onde o comprador usufrui dos serviços do hotel”, diz José Romeu Ferraz Neto, presidente do Txai Resorts, que investiu R$ 40 milhões no empreendimento. Para ele, o modelo tem um grande diferencial: “Você tira a dor de cabeça de quem tem casa na praia”, afirma. “Nem empregado ou jardineiro precisa ter, pois o hotel cuida de tudo e cobra no condomínio.” No Txai, os bangalôs, de um ou dois dormitórios, custarão em torno de R$ 1,2 milhão cada. Já os apartamentos têm entre 110 m2 e 130 m2 de área, com preços que variam de R$ 900 mil e R$ 1,1 milhão. 

 

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João Eça, Tivoli Ecoresidences: ”o alicerce deste projeto

foi a sustentabilidade”

 

Quanto aos lotes, eles chegam a 1,5 m2 e valores perto dos R$ 900 mil. Os projetos para as casas cabem aos compradores, mas precisam ter a fachada pré-aprovada pela arquiteta Patrícia Anastassiadis, contratada para garantir a uniformidade entre as residências e o resort. Caso aceite, o imóvel do comprador pode ser destinado à locação, cuja administração ficará a cargo do hotel. “A receita é dividida entre o hotel e o dono, descontados os custos de manutenção de acordo com a taxa de uso”, diz José Romeu. Terra, ar e mar Ao norte de Salvador, o Tivoli Ecoresidences, vizinho ao Ecoresort Praia do Forte, tem 42 casas já construídas (70% delas já vendidas), seguindo três padrões de projeto criados pelo escritório carioca Bernardes + Jacobsen. 

 

São casas de três ou quatro quartos, com piscinas de 20 m2 e preço na faixa dos R$ 2 milhões. Mas o que chama a atenção no Tivoli é a preocupação com o meio ambiente. Por ocupar um terreno equivalente a cerca de 10% de uma Área de Proteção Ambiental de 153 mil m2, tudo foi executado com baixo impacto na natureza. O paisagismo teve a premissa básica de preservar a vegetação de restinga existente. Nas casas, toda a madeira utilizada – eucaliptos dos alicerces, cumaru no assoalho e louro frejó nas esquadrias – era de origem certificada. O telhado é de piaçava e o forro de fibra de dendê, ambos retirados da região de modo extrativista, gerando empregos na zona rural e urbana da Praia do Forte. 

 

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Vaga na garagem: No Kiaroa Fly-in, novos moradores usufruirão da pista privativa

e poderão ter hangares para os jatos e helicópteros

 

“É um empreendimento único no qual e a sustentabilidade foi o alicerce para o desenvolvimento do projeto”, afirma João Eça, diretor do Tivoli Ecoresort e Ecoresidences, que investiu R$ 72 milhões no projeto. “Além do cuidado com o impacto ao meio ambiente, buscamos valorizar nossos colaboradores e comunidades do entorno.” Mas, se o assunto é exclusividade, nada melhor que o Kiaroa Eco-Luxury Resort, na península do Maraú, no litoral sul baiano. Apenas ali se pode construir não só uma casa como ter o seu próprio hangar para o jatinho ou helicóptero. Batizado de Fly-in Residences, oferece lotes de até 2.500 m2, com preços entre R$ 655 mil e R$ 1,2 milhão, à beira de sua pista particular, com 1,3 km de extensão. “Com o crescimento da aviação privada, nossa pista, certificada pela Anac, é o diferencial”, diz Ferrucio Bonazzi, presidente do Kiaroa. 

 

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Deck exclusivo: o Frad.e, em Angra dos Reis, tem residências e villas com acesso pela marina. Dá para chegar em casa de barco

 

“Dá para abrigar até 22 aeronaves pequenas e médias ao mesmo tempo.” Fora da Bahia, o litoral fluminense também hospeda um modelo de negócio do gênero cujo charme vem do mar. O Frad.e, em Angra dos Reis, é fruto de uma completa repaginação do Hotel do Frade, inaugurado nos anos 1970. A reestruturação inclui uma nova área para 153 residências, verdadeiras mansões com valores que superam os R$ 9 milhões. Além delas, o hotel em si contará com outros 60 novíssimos apartamentos. Os condôminos poderão jogar golfe, dar um mergulho na piscina do resort, fazer compras no shopping interno e ainda deixar seu iate de muitos pés na marina do hotel, que será ampliada. Tudo isso sem se preocupar com detalhes, digamos, mais domésticos. Aí sim, encarar o feriadão na praia passa a valer a pena.