O Ministério da Saúde informou hoje (26) que o serviço de cirurgia vascular do Hospital Federal de Ipanema, na zona sul da capital fluminense, continua funcionando, mas que a unidade está dentro do processo de reestruturação das seis unidades federais do Rio de Janeiro para ampliar o atendimento à população.

Na sexta-feira (23), o chefe do Serviço de Cirurgia Vascular da unidade, Felipe Murad, informou ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) que o ministério havia determinado o fechamento do serviço para cortar custos.

O Ministério da Saúde negou que o motivo das mudanças seja corte de gastos e justificou as medidas para sanar ineficiências “inadmissíveis”. Entre elas, citou o fato de o serviço de cirurgia vascular do hospital de Ipanema ter seis médicos que realizam, cada um, em média, uma cirurgia por semana e 25 consultas por mês.

“Devido a essa avaliação dos serviços, a proposta prevê a especialização de cada um dos seis hospitais federais em determinadas áreas. Isso vai otimizar e qualificar os serviços prestados à população, com a definição de metas”, diz a pasta, em nota.

Na nova proposta, a cirurgia vascular será concentrada no Hospital da Lagoa, enquanto no Hospital de Ipanema será criado um centro de cirurgia de joelho e quadril. O ministério informou que as mudanças não alteram o atendimento já agendado dos pacientes nem prevê suspensão de cirurgias.

Cremerj

Para o presidente do Cremerj, Nelson Nahon, a medida do ministério representa um desmonte dos hospitais federais e o conselho usará “todas as vias possíveis” para impedi-la.

“Está muito claro o projeto do Ministério da Saúde de asfixiar os serviços para encerrá-los. Já acabaram com a Cirurgia Cardíaca do Hospital Federal do Andaraí, agora comunicam o fechamento da cirurgia vascular em Ipanema e assim seguem o desmonte das unidades, deixando os pacientes sem atendimento e os médicos sem postos de trabalho”, declarou ele.

Ele também criticou o fato de a reestruturação estar sendo feita com a consultoria do Hospital Sírio Libanês, grupo privado com sede em São Paulo, sem diálogo com os diretores e trabalhadores das unidades e sem conhecimento da realidade da atenção em saúde no Rio. “É uma situação grave que somada à crise dos hospitais estaduais está deixando a população totalmente desassistida”, completou Nahon.

Os hospitais federais de Bonsucesso e do Andaraí, na Zona Norte, também enfrentam dificuldades no atendimento e estão sem emergência. Dos 56 médicos necessários para atenderem a demanda do de Bonsucesso, segundo a direção do hospital, apenas 22 atuam no momento na unidade. No Andaraí, as instalações elétricas estão sem laudo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e dos bombeiros.