O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do  Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, afirmou haver risco de o  número de casos de zika e de microcefalia aumentar no País, sobretudo  nas cidades do Sudeste.

Ele observou que a região não  apresentou até o momento circulação importante do vírus. Por essa razão,  a maior parte da população ainda é suscetível. “Não é impossível que a  região tenha apresentado a circulação. Mas ,mesmo que tenha ocorrido,  provavelmente ela foi muito pequena, algo que deixa a população  vulnerável”, completou.

Maierovitch afirmou haver entre  autoridades sanitárias brasileiras uma percepção semelhante àquela  apresentada nesta quarta-feira, 24, pela diretora-geral da Organização  Mundial da Saúde, Margareth Chan. Em entrevista, ela apontou o risco de a  epidemia piorar antes de que melhoras nos indicadores comecem a ser  observadas.

A maior preocupação, de acordo com  Maierovitch, é o Rio, em razão da Olimpíada. O diretor observou haver  uma tendência histórica de redução de casos de dengue a partir de julho,  quando as condições climáticas passam a ser desfavoráveis para a  reprodução do mosquito vetor, o Aedes aegypti. A previsão é que a  tendência se repita com relação ao zika. Há também uma expectativa de  que, com as ações de combate aos criadouros, esse risco se reduza ainda  mais a partir de julho. “É essa a expectativa. Como se trata de um vírus  novo, não podemos ter plena convicção.” Daí a necessidade de reforçar  as medidas de prevenção.

Maierovitch avalia que os  indicadores de dengue – um termômetro para se avaliar a quantidade de  criadouros de mosquito do País – devem começar a cair a partir de março.  É esse o tempo necessário, calcula, para que ações de combate ao vetor  passem a refletir também nas estatísticas sobre as doenças relacionadas,  como dengue, zika e chikungunya.

O diretor informou que,  durante a visita de dois dias de Margareth Chan ao Brasil, não foi  discutida a possibilidade do envio de recursos para o governo  brasileiro. “Esse não era o momento”, disse. De acordo com Maierovitch, o  mais provável é que parcerias possam ser realizadas, numa etapa  posterior, para desenvolvimento de testes ou vacinas para combater o  vírus.