O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou nesta terça-feira, 18, que três questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foram anuladas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) para “garantir lisura e isonomia da prova”. O órgão anulou as perguntas após identificar que seriam “similares” a questões divulgadas em redes sociais nos dias anteriores ao exame.

“Eu determinei à equipe técnica que é responsável pela prova. Eles avaliaram que havia necessidade de anular três itens. Então foram esses três itens que foram anulados. Determinados pela questão técnica de anular para garantir lisura e isonomia da prova”, afirmou Camilo em entrevista à TV Verdes Mares, afiliada da Globo no Ceará.

Candidatos que fizeram o Enem passaram a denunciar uma suspeita de vazamento da prova porque o professor Edcley S. Teixeira, do Ceará, teria “previsto” questões feitas no último domingo, 16. Em suas publicações nas redes sociais, Teixeira mostra a semelhança entre as perguntas e dá explicações para seu método de estudo para antecipar o conteúdo da prova, que ele chama de “engenharia reversa”. Procurado pelo Estadão, Teixeira não respondeu.

Segundo o ministro Camilo Santana, ele acionou a equipe técnica do Inep após o “ruído nas redes sociais”. O instituto então decidiu cancelar as questões pelas “proximidades que foram colocadas nas redes sociais”, explicou.

Em uma de suas publicações, Edcley Teixeira afirmou que ele teria participado de uma avaliação do MEC para calouros de Medicina, chamada Prêmio Capes Talento Universitário. Segundo ele, as questões eram parecidas com o padrão do Enem. Por causa disso, ele teria memorizado algumas perguntas e, com ajuda de outros amigos que também fizeram a prova, montado questões para seus alunos estudarem. O jovem é aluno de Medicina e vende pacotes com monitorias para candidatos do Enem.

Como mostrou o Estadão, a prova feita pela Capes, mencionada por Teixeira, realmente utiliza algumas questões para realizar uma espécie de pré-teste do Enem. Essa é uma informação que deveria ser sigilosa, que o MEC não confirma oficialmente.

“Esse pré-teste é elaborado pelo Inep em anos anteriores, com itens que podem ou não cair na prova, que é para garantir a qualidade do item que é aplicado no Enem”, explicou o ministro da Educação.

O Inep pediu que a Polícia Federal investigue a conduta e autoria da live nas redes sociais que divulgou questões parecidas com as do Enem. O instituto solicitou ainda a responsabilização dos envolvidos por eventual quebra de confidencialidade ou ato de má-fé pela divulgação de questões sigilosas de forma indevida.

“Nós acionamos a Polícia Federal porque as pessoas que fazem esse pré-teste tem questão de confidencialidade. Então, nós acionamos a Polícia Federal para tomar todas as medidas cabíveis e legais em relação a isso”, concluiu Santana.