08/04/2022 - 14:52
O ministro da Economia britânico, Rishi Sunak, denunciou, nesta sexta-feira (8), uma “campanha de difamação” da oposição trabalhista depois que sua esposa bilionária foi criticada por driblar alguns impostos no Reino Unido em plena crise do poder aquisitivo.
“Atacar minha esposa para chegar a mim é horrível”, afirmou em uma entrevista publicada nesta sexta pelo jornal The Sun, destacando que sua esposa, de nacionalidade indiana, “pagou impostos ao Reino Unido por cada centavo que ganhou” nesse país.
Sua esposa, Akshata Murty, filha do bilionário cofundador do grupo tecnológico indiano Infosys, tem o status de “não domiciliada”, que é diferente do de “não residente”, que permite não pagar impostos no Reino Unido sobre renda no exterior.
Isso significa que seu domicílio permanente é considerado fora do país, apesar de ela e Sunak ocuparem uma residência oficial em Downing Street.
Segundo o jornal The Independent, que anunciou a informação, este status lhe permitiu economizar milhões de libras em impostos, incluindo dividendos de sua participação na Infosys.
Sunak denunciou o que considera como uma “campanha de difamação” procedente das fileiras do opositor Partido Trabalhista.
Porém, uma fonte dessa legenda negou imediatamente a acusação e apontou para o entorno do primeiro-ministro Boris Johnson, recentemente submerso pelos escândalos e cuja popularidade caiu, enquanto a do ministro da Economia subia. Sunak já foi considerado o favorito para assumir o lugar de Johnson.
Questionado posteriormente em coletiva de imprensa, Johnson defendeu seu ministro: “Rishi está fazendo um grande trabalho e creio que, na medida do possível, as famílias não devem ser misturadas”.
“Minha mulher nasceu na Índia, foi criada lá”, argumentou Sunak. “Não seria razoável nem justo pedir que corte os laços com seu país só por estar casada comigo”.
O status de não domiciliado é juridicamente legal, mas a notícia não foi bem recebida pelos britânicos, que estão vendo seu poder de compra diminuir em meio à inflação historicamente alta, às contas de energia disparadas e, a partir de quarta-feira, ao aumento das contribuições para a previdência social impostas pelo ministro da Economia.
Sunak foi duramente criticado em março por suas novas medidas orçamentárias, denunciadas como elitistas e longe da situação real da maioria dos britânicos. Sua popularidade caiu nas pesquisas.