Após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki,  determinar o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato de  deputado, o ministro Marco Aurélio Mello classificou o parlamentar como  ”o outrora todo poderoso deputado do meu Estado, Eduardo Cunha”. Marco  Aurélio elogiou o trabalho da Polícia Federal (PF) e do Ministério  Público (MP) no combate à corrupção.

“A crise política,  econômica e financeira está sangrando o Brasil. O Brasil precisa parar  de sangrar”, disse o ministro em evento sobre infraestrutura, em  Brasília, na manhã desta quinta-feira, 5. Segundo ele, as instituições  do País estão funcionando, com destaque à PF, “digna de elogio pelo  trabalho que vem realizando”, e ao MP.

O ministro disse  estar satisfeito porque o ministro Teori Zavascki poupou metade do seu  trabalho ao determinar que Cunha seja afastado. Há dois dias, Marco  Aurélio foi sorteado relator de ação ajuizada pela Rede, que pede o  afastamento de Cunha da presidência da Câmara, sob a alegação de estar  na linha sucessória da Presidência da República, mesmo sendo réu na  Operação Lava Jato. O pedido estava previsto para ser julgado na tarde  desta quinta pelo plenário do STF.

No início do dia,  entretanto, Teori, em caráter liminar, afastou Cunha do mandato de  deputado federal e, consequentemente, do comando da Casa. A decisão, que  atende a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), pode ser  levada ao plenário da Corte ainda nesta quinta-feira, o que poderia  tornar injustificada a análise do processo impetrado pela Rede.

Marco  Aurélio lembrou que o processo que relata foi aberto há dois dias,  enquanto o outro estava sob os cuidados de Teori desde dezembro do ano  passado. Ele disse que é preciso analisar se seu relatório fica agora  prejudicado, mas indicou que não, já que outro parlamentar na linha  sucessória da Presidência da República, o presidente do Senado, Renan  Calheiros (PMDB-AL), também “tem inúmeros processos”.

“Vamos  ver se ficou prejudicado, porque tem outro com a espada de Dâmocles  sobre a cabeça, que é o presidente Renan Calheiros”, disse, em  referência a uma lenda grega que ilustra a insegurança que é carregada  por aqueles que detém poder.