O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, afirmou nesta segunda-feira, 20, que o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, deveria “pedir desculpa” ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por tê-lo ofendido de “forma gratuita”. O ministro cobrou que uma ligação seja realizada como condição para o início das relações entre os dois governantes.

“Ele tem que pedir desculpa. Ofendeu de forma gratuita o presidente Lula. Cabe a ele um gesto, como presidente eleito, de ligar para se desculpar. Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversar”, disse em evento no Palácio do Planalto.

Alguns dos ministros mais próximos de Lula, como Paulo Pimenta, fizeram campanha aberta a favor da eleição do candidato peronista Sergio Massa. Eles argumentavam, por exemplo, que a vitória do representante da situação na Argentina fortaleceria o Mercosul.

Durante a campanha presidencial, Milei chamou Lula de “comunista”, disse se recusar a encontrar o petista caso fosse eleito e se referiu ao governo brasileiro como “um regime que não está de acordo com as ideias de liberdade”. “No caso do Lula é mais complicado porque ele tem uma vocação totalitária muito mais marcada. Em outras palavras, ele não é apenas um socialista. Ele é alguém que tem vocação totalitária”, disse em entrevista à revista The Economist.

Não foi a primeira vez que ele xingou o presidente brasileiro. Milei já se referiu ao petista como “ladrão”, “comunista furioso” e “ex-presidiário”. As primeiras críticas são de 2021, quando se fortaleceram os rumores de que Lula seria candidato à Presidência.

A relação entre os dois ficou ainda mais desgastada depois que o Estadão revelou que Lula trabalhou para que o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) concedesse empréstimo US$ 1 bilhão à Argentina, num movimento para fortalecer o candidato governista Sergio Massa. O ainda candidato argentino disse que o petista tentava interferir nas eleições do País.

Na reta final da campanha, o presidente brasileiro disse que o vencedor das eleições argentinas deveria ser um candidato que “goste de democracia e do Mercosul”, no que foi encarado internacionalmente como um recado a Milei. O presidente eleito na Argentina ameaça deixar o bloco econômico sul-americano e é apontado por analistas como o mais novo representante de movimentos antipolítica e antidemocráticos no continente.