18/08/2017 - 10:50
O programa do PSDB exibido nesta quinta-feira, 17, em rede nacional de rádio e TV, no qual o partido reconhece como erro seu próprio fisiologismo e faz críticas diretas ao governo do presidente Michel Temer, foi fortemente criticado por três dos quatro ministros tucanos. No Palácio do Planalto o vídeo foi visto como um “tiro no pé” por auxiliares do presidente, que classificaram a peça de “ridícula”.
Em dez minutos de programa, o PSDB faz uma autocrítica por ter “aceitado o fisiologismo” e define Temer como um presidente que “enfrenta dificuldade de governar e unir o País”. A peça também defende a adoção do parlamentarismo no Brasil, bandeira do partido.
“O presidencialismo de cooptação que vigora no Brasil faliu, tendo gerado crises sucessivas e muita instabilidade política”, diz um locutor, sem citar que ministros do partido negociaram emendas parlamentares em troca de votos de deputados a favor da rejeição da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer.
Nenhum político aparece no programa, encomendado pelo presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). A linha foi definida por ele sem consultar a executiva nacional. Tasso não foi localizado ontem.
‘Desconfortável’
Logo após a veiculação do programa, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, do PSDB da Bahia, divulgou nota na qual afirma que a peça “ofende fortemente” o partido. Segundo ele, o programa “apresenta colocações rasas, genéricas, e não teve a coragem de apontar os culpados pelos vícios e mazelas que o programa condenou”.
“A linha adotada no programa partidário ofende fortemente o PSDB, colocando o partido numa posição extremamente ruim e desconfortável, como se fosse o culpado por todos os problemas, inclusive aqueles criados por governos do PT, dos quais foi oposição”, escreveu o ministro.
Aloysio Nunes Ferreira, ministro tucano das Relações Exteriores, fez 38 publicações em sua conta no Twitter nas quais critica o conteúdo do vídeo. Segundo ele, o programa é “um monumento à inépcia publicitária” e “a expressão de uma confusão política digna de figurar numa antologia do gênero”. “Em suma, esse programa não me representa. Não participei de sua concepção e em nenhum momento minha opinião foi demandada”, escreveu.
O ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), também divulgou nota na qual rebate as críticas de fisiologismo, afirmando que os parlamentares do partido têm votado “em ideias em que acreditam”. Para Araújo, a peça não é justa com a história do partido. “O programa não me representa.”
Segundo um interlocutor de Temer, o PSDB não poderia ter feito críticas ao governo porque comanda quatro ministérios importantes – é do partido também a pasta de Direitos Humanos. Ele sugeriu ainda que a peça dá força ao discurso do Centrão – grupo de cerca de 150 deputados de partidos como PP, PR e PSD – que quer comandar o Ministério das Cidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.