07/12/2011 - 21:00
Papéis avulsos
A transação entre o grupo ítalo-argentino Ternium e os brasileiros Votorantim e Camargo Corrêa, que envolveu 43,3% das ações ordinárias da Usiminas, deixou os acionistas minoritários da siderúrgica rubros de raiva. Logo após o anúncio da transação, representantes do mercado questionaram o fato de que os compradores não estenderam o prêmio pago, de 82%, para todos os investidores. Segundo Edison Garcia, presidente da Associação de Mercado de Capitais (Amec), em casos semelhantes, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) obrigou o novo sócio a oferecer esse benefício, conhecido como “tag along”, a todos que detinham ações ordinárias. “Isso ocorreu com a compra do Pão de Açúcar pelo Casino”, diz Garcia. As reclamações devem envolver grandes acionistas. A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, informou apenas que está avaliando o assunto. Na prática, as providências ainda estão na fase de contratação de advogados. O fundo possui 5,9% do capital da Usiminas, dividido em 10,4% das ações ordinárias e 1,2% das preferenciais. Procurada, a Usiminas não comentou o assunto.
Touro x Urso
A semana terminou com um sentimento de euforia na bolsa. A maré de boas notícias começou na quarta-feira 30, com a confirmação das expectativas de redução dos juros em meio ponto percentual, e continuou na quinta-feira 1º, com a redução para zero na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros no mercado acionário. Apesar da desvalorização de 2,5% das ações em novembro, o primeiro pregão de dezembro registrou um ganho de 2,2%, com o índice Bovespa voltando a superar os 58 mil pontos. No entanto, os touros ainda têm de aguardar sinais mais concretos da vinda dos investidores internacionais. Sem um fluxo maciço de recursos de fora, que até agora não aconteceu, a alta será de curta duração.
Quem vem lá
Opções da CSN terão formador de mercado
A BM&FBovespa iniciou processo de concorrência para seleção de até três formadores de mercado para opções sobre ações da Companhia Siderúrgica Nacional, da PDG Realty e da Cyrela. As vencedoras serão anunciadas em fevereiro do ano que vem.
Fique de Olho: mesmo com a chegada de formadores de mercado, opções de ações são um derivativo altamente volátil. A atuação de um formador garante a liquidez, mas não reduz as oscilações dos preços.
Destaque no pregão
Bradesco vai financiar as luxuosas motos da Harley-Davidson
O Bradesco fechou uma parceria com a divisão de finanças da Harley-Davidson para oferecer financiamento de motocicletas de alta cilindrada no País. A taxa de juros média a ser cobrada é de 1,5% ao mês, dependendo do prazo, diz Mauro Roberto Gouvêa. diretor-geral do Bradesco Financiamento. O prazo dos empréstimos oferecidos varia entre 24 e 60 meses. Para Larry Hund, presidente da Harley-Davidson Financial Services, a parceria é importante para democratizar o acesso a motos da marca para consumidores da classe média. Vale lembrar que a moto mais barata da Harley-Davidson custa R$ 30 mil. “Em breve queremos lançar seguros específicos para nossas motos e roupas e acessórios, garantia estendida e cartão de crédito”, diz John Klein, diretor da divisão financeira para América Latina. Na semana, as ações do Bradesco subiram 9,5%.
Bolsas
Medalha de ouro
O ouro foi o campeão em rentabilidade entre as aplicações financeiras em novembro, com alta de 8,77%. No ano, o metal também lidera o ranking de investimentos, com ganho imbatível de 24,02%. Já a bolsa de valores, que chegou a ser a melhor aplicação em outubro, voltou a amargar a última colocação, com queda de 2,5% em seu principal índice. No ano, o Ibovespa tem queda de 17,9%.
Educação financeira
Empresas familiares têm papel importante na economia, mas em geral sofrem com problemas de gestão. O livro Governança Corporativa em Empresas Familiares discute as boas práticas para quem está interessado em melhorar a companhia da família. Conflitos de interesse, contratação de executivos e processo sucessório são os temas centrais. Editora Saint Paul, R$ 55.
Mercado em números
BR Malls
R$ 200 milhões - É o valor que a administradora de shopping centers BR Malls vai captar, por meio da emissão de 80 notas promissórias com valor unitário de R$ 2,5 milhões.
São Carlos
R$ 86 milhões - Foi o preço pago pela companhia de gestão imobiliária pelo Edifício Generali, localizado na Avenida Rio Branco, no
Rio de Janeiro.
Fras-le
R$ 10 milhões - Foi o valor pago pela empresa de autopeças gaúcha Fras-le na aquisição da Freios Controil, localizada em São Leopoldo (RS). A transação também inclui a dívida da Freios Controil, de cerca de
R$ 49 mihões.
Petrobras
R$ 0,20 - É o valor que o acionista vai receber pela terceira parcela da distribuição antecipada de juros sobre capital referentes ao exercício de 2011. Sobre o valor incide 15% de imposto de renda.
Mundial
11.500 - É a quantidade de acionistas que a Mundial está convocando para uma assembleia no dia 12 de dezembro, que vai deliberar sobre o ingresso da companhia no Novo Mercado.
Pelo mundo
Bancos americanos processados por despejos
O Estado americano de Massachusetts decidiu processar cinco bancos, entre eles o Citigroup, o JP Morgan e o Bank of América, por terem agido de forma ilegal ao despejar de suas casas mutuários inadimplentes. Na quinta-feira 1º, as ações dos bancos caíram 2% em média.
US$ 150 milhões
É o valor que o fundo berkshire Hathaway, do americano Warren Buffett, pagou pelo Omaha World-Herald. O grupo de mídia da cidade natal de Buffett publica o jornal de mesmo nome e mais seis periódicos, além de revistas semanais. O fundo do bilionário adquiriu ainda US$ 50 milhões em dívidas.
Toshiba fecha três fábricas
A Toshiba anunciou na quarta-feira 30 que fechará três de suas seis fábricas de chips no Japão e diminuirá a produção de alguns tipos de componentes, em meio à queda na demanda por computadores e televisões. O fechamento deve acontecer a partir de 2012. No dia do anúncio as ações da Toshiba subiram 2%.
Personagem
O novo caminho da SulAmérica
A SulAmérica Seguros vai apostar suas fichas na expansão dos seguros coletivos, tanto para empresas quanto para entidades de classe, como sindicatos e associações. Arthur Farme d’Amoed, diretor de relações com investidores da seguradora, disse que além de ganhar escala, a SulAmérica vai concentrar-se em processos para reduzir custos.
O lucro do terceiro trimestre do ano caiu quase 20%. É um resultado pontual ?
Sim. Quando olhamos apenas o trimestre, não enxergamos a realidade da companhia. Os dois trimestres anteriores foram muito bons. A queda ocorreu porque a sinistralidade (as indenizações pagas) cresceu 5,7 pontos percentuais de julho a setembro quando comparado com 2010. Porém, esse aumento ocorreu em todo o mercado.
Quais as medidas para melhorar o fluxo de caixa e os resultados?
Estamos melhorando nossos processos, principalmente no ramo de saúde. Temos de coibir abusos. Hoje. 76,5% dos beneficiários pertencem aos planos coletivos. Por isso faz sentido investirmos em ações antitabagismo, controle do peso e da pressão arterial. Se o cliente tem uma saúde melhor, reduzimos os custos.
A SulAmérica vai apostar mais nos planos coletivos?
Sim, nosso foco será nos seguros corporativos, tanto em empresas quanto em clientes vinculados a um sindicato ou a uma entidade de classe, como, por exemplo, profissionais liberais.
Como chegar a esse cliente?
Nosso canal de distribuição é exclusivamente por corretores. Por isso investimos em treinamento e informatização do sistema, para evitarmos fraudes e melhorar a gestão de sinistros. Estudamos as estatísticas de cada segmento na busca de clientes.
A seguradora adquiriu a Dental Plan. Esse tipo de seguro é incipiente?
Há muita demanda por cobertura odontológica, especialmente nos seguros coletivos. Nossa receita com planos odontológicos cresceu 112% no terceiro trimestre em relação a 2010. Como o mercado brasileiro ainda é pequeno, há muito espaço para expansão. A Dental Plan vai facilitar nosso avanço nas regiões Norte e Nordeste.
Colaboraram Fernanda Pressinott e Fernando Teixeira