Malásia anuncia retomada de buscas por avião que desapareceu com 239 pessoas a bordo em 2014 na Ásia. Investigadores nunca descobriram o que aconteceu com a aeronave.Mais de uma década depois do desaparecimento de um avião da Malaysia Airlines, investigadores retomarão os esforços para desvendar um dos maiores mistérios da aviação. Uma nova operação de busca começará no fim deste mês, na terceira tentativa de descobrir o que aconteceu com o voo MH370, que levava 239 pessoas a bordo.

O Boeing 777 sumiu durante uma viagem de Kuala Lumpur para Pequim em 8 de março de 2014. A bordo, havia 150 chineses e 50 malaios, além de cidadãos de vários outros países.

Uma análise de dados de satélite mostrou que o avião provavelmente caiu na costa australiana do Oceano Pacífico. Entretanto, duas buscas em larga escala já falharam em fazer descobertas significativas.

Últimas palavras

A última transmissão do avião ocorreu cerca de 40 minutos após a decolagem. O capitão Zaharie Ahmad Shah despediu-se em tom de normalidade, desejando boa noite aos controladores, quando o avião entrou no espaço aéreo vietnamita.

O transmissor de rádio na cabine do piloto foi desligado pouco depois, impossibilitando que ele fosse facilmente rastreado.

Um radar militar mostrou que o avião deixou sua rota de voo para voltar a sobrevoar o norte da Malásia e a Ilha de Penang, seguindo depois para o Mar de Andamão, em direção à ponta da ilha indonésia de Sumatra. Em seguida, a aeronave seguiu na direção sul, e todo contato foi perdido.

Destroços no mar

Desde então, mais de 30 peças de suspeitos destroços de aeronaves foram encontradas ao longo da costa da África e em ilhas do Oceano Índico.

Mas apenas três fragmentos de asa foram confirmados como pertencentes ao MH370. A maior parte desses destroços foi usada em análises de padrões de deriva, na tentativa de reduzir a possível área onde o avião poderia estar.

A maior evidência física foi uma peça chamada de flaperon, um pedaço da asa, que em 2015, 16 meses após o sumiço do avião, apareceu na costa da Ilha da Reunião, no Oceano Índico, próxima de Madagascar.

Responsabilidade incerta

Um relatório de 495 páginas sobre o desaparecimento do MH370, publicado em julho de 2018, afirmou que os controles do Boeing 777 provavelmente foram manipulados deliberadamente para tirá-lo da rota. Para especialistas em aviação, a explicação mais plausível parece ser a de que um experiente piloto teria tomado esta decisão.

Os investigadores, entretanto, não conseguiram determinar quem foi o responsável. Eles afirmam que não há motivos conhecidos para levantar suspeitas sobre o capitão ou copiloto.

Foram também detectados erros cometidos pelos centros de controle de tráfego aéreo de Kuala Lumpur e da Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. Os investigadores não chegaram a conclusões definitivas, entretanto, sobre o que aconteceu com o MH370, alegando que é necessário primeiro encontrar os destroços da aeronave.

Diversas teorias da conspiração já emergiram na última década, incluindo um erro mecânico, uma queda controlada remotamente ou até mesmo uma abdução alienígena ou participação russa.

Insucesso das buscas

Após o sumiço da aeronave, Malásia, Austrália e China lançaram a primeira busca submarina numa área de 120 mil quilômetros quadrados no sul do Oceano Índico, com base em dados de conexões automáticas entre um satélite Inmarsat e o avião.

A busca, que custou cerca de 200 milhões de dólares australianos (o equivalente hoje a R$ 700 milhões) foi encerrada após dois anos, em janeiro de 2017, sem qualquer vestígio do avião.

No ano seguinte, a Malásia aceitou uma proposta da empresa americana Ocean Infinity para uma nova busca de três meses. A companhia só receberia pagamento se encontrasse o avião.

A nova operação cobriu 112 mil quilômetros quadrados ao norte da área original, mas também não teve resultados, terminando em maio de 2018.

Esperanças renovadas?

Em dezembro de 2024, o governo malaio anunciou que as buscas seriam retomadas, apesar de especialistas duvidarem que novos esforços possam ter um resultado diferente. A Ocean Infinity deverá receber 70 milhões de dólares (R$ 375 milhões) caso destroços significativos sejam encontrados.

A operação chegou a ser iniciada em março, mas foi suspensa rapidamente por mau tempo. A busca será enfim retomada em 30 de dezembro numa área de 15 mil quilômetros quadrados do Oceano Índico. A empresa trabalhará por 55 dias intermitentes no caso.

Segundo o Ministério dos Transportes da Malásia, a área alvo é avaliada como a mais provável localização da aeronave. A sua localização precisa não é conhecida publicamente. O governo afirmou ainda que os esforços renovados são prova do seu comprometimento em oferecer uma resposta às famílias afetadas pela tragédia.

ht/cn (Reuters, ots)