17/06/2020 - 15:14
Os cientistas o batizaram de “A Coisa”: um misterioso fóssil do tamanho de uma bola de basquete encontrado na Antártica e que permaneceu em um museu chileno à espera de alguém que descobrisse do que se tratava exatamente.
Agora, uma investigação revelou que o misterioso fóssil, encontrado há nove anos por cientistas da Universidade do Chile e do Museu Nacional de História Natural, é na realidade um ovo de casca mole, o maior que se conhece até o momento, possivelmente de um tipo de serpente ou lagarto que viveu há mais de 66 milhões de anos.
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Essa revelação acaba com quase uma década de especulações sobre o fóssil, e poderia mudar as teorias sobre a vida de criaturas marinhas nessa era, declarou Lucas Legendre, principal autor da pesquisa publicada nesta quarta-feira (17) na revista Nature.
Segundo a análise realizada conjuntamente por cientistas da Universidade do Texas, da Universidade do Chile e do Museu Nacional de História Natural, trataria-se do maior ovo da era dos dinossauros.
O fóssil foi descoberto em 2011, por um grupo de cientistas chilenos na Antártica. Parece uma grande bola de basquete, e mede nada menos que 29 por 20 centímetros.
“Esta é uma das poucas vezes em que um ovo foi encontrado em sedimentos marinhos e, além disso, é de casca mole. É curioso que tenha sido preservado lá. (…) Isso talvez nos dê uma pista de que tipo de ambiente poderíamos encontrar outros ovos desse tipo”, explica Alexander Vargas, pesquisador da Faculdade de Ciências da Universidade do Chile, e diretor do Projeto de Registro de Fósseis e Evolução de Vertebrados.
Há anos os cientistas visitantes examinaram esse fóssil sem sucesso, até que, em 2018, um paleontólogona Universidade do Texas sugeriu que poderia ser um ovo. Essa hipótese não era a mais óbvia, por causa do seu tamanho e aparência, e não havia esqueleto para confirmá-la.
“Eles realmente não tinham uma ideia muito clara do que poderia ser, então chamaram de ‘The Thing’, como o filme”, explicou Vargas.
A análise de partes do fóssil revelou “uma estrutura em camadas semelhante a uma membrana macia e uma casca externa muito mais fina, sugerindo que ela tinha uma casca mole”, detalha Lucas Legender.
“Isso também foi confirmado por análises químicas, que mostraram que a casca dos ovo era diferente dos sedimentos que a rodeavam, e originalmente era um tecido vivo”.
Mas existem outras questões ainda não resolvidas, como qual animal teria um ovo tão grande – até hoje somente um maior, mas não de casca mole, foi encontrado, produzido pela agora extinta ave elefante de Madagascar.
A equipe acredita que este ovo é proveniente de um réptil aquático, possivelmente de um grupo conhecido como mosassauros, que eram comuns na região.