IMAGINE UM FRANCÊS QUERENDO ENsinar um brasileiro a sambar. Guardadas as proporções, essa é, de certo modo, a tarefa que a grife francesa de moda praia Vilebrequim tem pela frente. Afinal, ela acaba de desembarcar no Brasil com a missão de fazer os brasileiros usarem seus calções de cores fortes e temas florais nas praias. A seu favor, ela tem um passado glamouroso: foi fundada em 1960, no balneário de Saint-Tropez, meca dos milionários europeus no sul da França, e tem produtos dotados de tecnologia. Contra ela, pesa a resistência dos brasileiros a produtos importados neste segmento. “Não podemos ignorar a importância de nossa cultura tropical, que mais cria moda do que a importa”, diz José Roberto Martins, da consultoria Global Brands. A grife, que está presente em 45 países e conta com 78 lojas próprias, quer pagar para ver. Mas para isso conta com uma ajuda de peso. A licença da Vilebrequim em solo nacional é da empresária Michele Nasser, que também representa as marcas Giorgio Armani e D&G no Brasil. O mercado estima que ela tenha investido R$ 3 milhões para inaugurar a primeira loja da marca, no shopping Iguatemi, em São Paulo. “Se tudo der certo, abriremos outros pontos-de-venda no País”, disse Ashish Sensarma, diretor de desenvolvimento do Fashion Fund One, grupo que comprou a Vilebrequin, em 2007, por cerca de US$ 120 milhões.

A idéia da Vilebrequin é vender um calção de banho com status de produto de luxo. O short é fabricado com um tecido de secagem rápida. As estampas (há mais de 300 tipos) também são patenteadas e as costuras são feitas à mão. As bermudas vêm com uma carteira à prova d’água que se encaixa nos bolsos. Cada calção Vilebrequin custa cerca de 130 euros – não importa onde seja vendido, o preço é tabelado. Os preços no Brasil, portanto, estarão sujeitos a variações cambiais. “É muito alto”, diz André Robic, diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Moda. “Será preciso vender dez bermudas por dia para que o investimento se mantenha.”