23/12/2009 - 8:00
Quando, em janeiro de 2010, os estilistas estiverem pensando nos modelitos da próxima estação, eles terão um desafio a mais pela frente: casar moda com tecnologia. É que, cada vez mais, a indústria têxtil investe em tecidos que vão além do caimento no corpo e cria modelos hi-tech para serem usados no dia a dia. São, por exemplo, biquínis com protetor solar, roupas com repelente de insetos e até jaquetas capazes de recarregar a bateria de aparatos eletrônicos como telefone celular e tocadores de músicas digitais. ?Mais do que vestir, esses tecidos funcionam quase como uma segunda pele?, diz Sylvio Napoli, gerente de infraestrutura e capacitação tecnológica da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Partindo desse princípio, a empresa americana Sun Dry lançou e patenteou recentemente uma linha de trajes de banho que não molham.
O segredo está na nanotecnologia. Em um efeito inspirado em folhas de plantas, que não absorvem a água, o tecido é composto de micropartículas que, de tão unidas, impedem a passagem da água. ?Para chegar a esse resultado, nós testamos a performance de diferentes tipos de nanopartículas que repelem água?, disse à DINHEIRO Amy Hardin, diretora da Sun Dry.
No Brasil, onde a indústria têxtil investiu US$ 1,5 bilhão em pesquisa e desenvolvimento, algumas empresas também têm apostado nesse fenômeno. A paulista UV Line, que conta com mais de 300 pontos de venda no País, já produz roupas que bloqueiam até 98% dos raios ultravioleta. A tecnologia consiste em aplicar o dióxido de titânio, o mesmo material utilizado em protetores solares, na fibra da peça. Outra precursora desse movimento no País é a grife Ballyhoo, parte da empresa têxtil JC Callas, que confecciona roupas com repelentes de insetos produzidos a partir de um repelente químico chamado permetrina. ?É ideal para quem pratica esportes ao ar livre?, diz João Callas, diretor da Ballyhoo.
Para a turma que fica muito tempo exposta ao sol e que é aficionada por aparelhos digitais, a chinesa Solar Touch criou uma jaqueta sustentável. Ela é capaz de carregar a bateria de celulares, iPods e até câmeras fotográficas por meio de um painel solar que pode ser acoplado nas costas. A tecnologia nesse campo é tão criativa que há quem tenha pensado em uma calça jeans que combate a celulite. A iniciativa partiu da Tavex, uma multinacional que é a maior forneced ora de denin do Brasil e faturou 352 milhões de euros no ano passado.
A empresa, que aplica até 2% de seu faturamento em pesquisa, estudou produzir uma calça que liberasse microcápsulas de substâncias que combatem a celulite. Por encontrar problemas de fixação e por ainda não ser economicamente viável, a empresa adiou o projeto. ?Buscamos entender tudo o que é relacionado à tecnologia de tecidos?, diz Maria José Orione, gerente de marketing da Tavex Corporation para a América do Sul.