05/10/2020 - 19:12
Os estilistas da Semana de Moda de Paris, que termina nesta terça-feira (6), buscaram apresentar coleções “protetoras” em tempos de pandemia, mas também despiram os corpos e propuseram uma sensualidade deixada de lado durante o confinamento.
– Como em casa –
A Dior transformou seu tradicional casaco ajustado ao corpo e estruturado em uma peça mais solta e confortável, inspirada em um sobretudo desenhado por Christian Dior em 1957, numa coleção centrada no Japão.
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“A ideia era confeccionar um casaco com o qual se sentisse em casa. Trabalhamos muito com os tecidos fluidos e rústicos”, explicou à AFP a diretora artística da marca, Maria Grazia Chiuri. “As pessoas atualmente querem se proteger, um aspecto que, até agora, não havíamos levado em conta. Temos um estilo de vida mais privado, e nossa relação com as roupas será mais pessoal e íntima”, assinalou a italiana.
A Balenciaga concentrou-se, por sua vez, nas peças íntimas, para fazê-las brilhar no exterior, como pijamas sobrepostos e camisolas transformadas em vestidos de noite. Os chinelos de hotel ganharam saltos.
Issey Miyake imaginou uma cartela de cores roxa, laranja e verde, que representou a decoração de uma sala de estar, fazendo alusão ao período de confinamento, que a marca japonesa quis lembrar de forma positiva.
– A máscara, acessório da moda –
A Louis Vuitton assim decretou: a máscara é um “acessório da moda” e ganhará protagonismo no desfile de amanhã da marca de luxo, que encerrará a semana de moda primavera/verão de prêt-à-porter.
Para o desfile de Yohji Yamamoto, que produz roupas quase que exclusivamente pretas, foi solicitado aos convidados usar uma máscara da mesma cor, para respeitar o universo do estilista japonês.
O logotipo da Balmain cobriu o nariz e a boca estampado em uma máscara de malha, enquanto a Kenzo imaginou um lenço para ser usado por cima da proteção contra a Covid-19. A marca, que perdeu ontem seu lendário fundador, Kenzo Takada, 81, para a doença, reinterpretou o uniforme dos apicultores com um chapéu e um véu, representando “a fragilidade e o distanciamento necessário e imposto atualmente”.
– ‘Armaduras’ –
Os estilistas, seja em suas representações físicas ou digitais, propuseram “armaduras” diante da nova vulnerabilidade dos seres humanos. Elas eram leves na Hermès, de malha e couro, e deslizaram sobre vestidos curtos e justos tom sobre tom.
A Balenciaga apresentou um vestido no formato de “rede” concebido com correntes de metal. Já Yohji Yamamoto desenhou fios de cobre aparentes em um vestido, conseguindo um efeito de crinolina romântica e punk.
– Costas nuas –
A Hermès se propôs a “recriar a liberdade”, com costas nuas e tops bandeau. A marca francesa celebrou o “reencontro com a sensualidade”, mantendo-se fiel a seu estilo elegante e às linhas refinadas.
Decotes, costas nuas… A Givenchy também se deixou levar pelas sugestões na estreia do americano Matthew Williams como diretor artístico da marca. Já a Kenzo opôs à “proteção total” vestidos justos e bodies, defendendo “a ousadia frente ao perigo”.