O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou ontem, em visita a Argentina, o projeto de criação da moeda única com o presidente Alberto Fernandez. A moeda se chamaria ‘Sur’, de acordo com nomes sugeridos à equipe. Porém, o ministro Fernando Haddad negou a medida: “O projeto de uma moeda única entre Brasil e Argentina que substitua o real e o peso não existe”, disse. 

O chefe da pasta da Fazenda recordou que a ideia era fortemente defendida por Paulo Guedes, antigo ministro da Economia de Jair Bolsonaro. 

+ Não existe projeto de moeda única Brasil e Argentina, diz Haddad

“Recebemos dos nossos presidentes uma incumbência de não adotar uma ideia que era do governo anterior, que não foi levada a cabo, da moeda única. O meu antecessor, Paulo Guedes, defendia muito uma moeda única entre Brasil e Argentina. Não é disso que estamos falando. Isso gerou uma enorme confusão, inclusive na imprensa brasileira e internacional”, declarou Haddad.

Embora a definição de moeda única seja, segundo os especialistas, uma moeda substituta para o peso e o real – moedas de Argentina e Brasil, -,  as informações dadas por Haddad foram que a medida valeria apenas para relações comerciais entre Brasil e Argentina.

Lula, no encontro com o presidente argentino, bateu na mesma tecla, dizendo que as primeiras negociações são para desenvolver  uma unidade de valor usada pelos dois países no comércio bilateral para reduzir a dependência do dólar.

O ministro está ‘aparando arestas’ do que repercutiu na imprensa, mas vale lembrar que o projeto foi divulgado a partir de artigo conjunto publicado no periódico argentino Perfil assinado por Lula e Fernandez.

“Pretendemos superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa”, diz o texto. 

Resistência de Haddad

Haddad já mostrou em outras oportunidades um rechaço com a idade da moeda comum na América do Sul. “Não existe moeda única, não existe essa proposta. Vai se informar primeiro”, disse o ministro, irritado, a uma repórter no dia 5 de janeiro de 2023.

Na época, o embaixador argentino Daniel Scioli também declarou que a proposta defendida não se tratava do fim das moedas locais. “Sobre a moeda comum, nós trabalharemos. Não significa que cada país não tem sua moeda, significa uma unidade para integração e aumento do intercâmbio comercial em todo este bloco regional”, disse o embaixador.

Ainda que resistindo a ideia de Lula, Haddad segue colaborando em relações comerciais com os argentinos. Na visita ao país ontem, 23, o ministro assinou, com Fernandez, um documento intitulado “Entendimento sobre integração financeira entre Brasil e Argentina”. 

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, em entrevista a GloboNews, também negou a proposta. “O que foi criado foi um grupo de trabalho, seria difícil propor algo mais rápido que isso. É ainda o primeiro encontro com a Argentina para começar desenvolver a ideia de realizar comércio”, declarou.