O dólar ficou misto frente a outras divisas fortes em geral, em sessão volátil. A moeda dos Estados Unidos chegou a receber um impulso com o relatório mensal de empregos (payroll) do país relativo a dezembro, que saiu nesta manhã, mas alguns componentes do dado temperaram os ânimos. Além disso, outro indicador fraco, do setor de serviços, pressionou mais o dólar, em meio a ponderações entre analistas sobre quando pode ocorrer o primeiro corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

No fim da tarde, o dólar se valorizava a 144,72 ienes, o euro caía a US$ 1,0943 e a libra tinha alta a US$ 1,2721. Já o índice DXY – que mede o dólar ante seis rivais fortes – fechou praticamente estável, com queda de 0,01%, a 102,412 pontos, mas subiu 1,06% na semana.

A economia americana criou 216 mil postos de trabalho em dezembro acima da previsão de 175 mil postos da mediana dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast. A taxa de desemprego se manteve em 3,7% e o salário médio por hora subiu acima do previsto. Por outro lado, houve revisão em baixa da criação de postos nos dois meses anteriores, com 71 mil vagas a menos em outubro e novembro somados do que o antes considerado.

A reação inicial no mercado cambial foi de fortalecimento do dólar. O movimento, porém, foi matizado pouco depois, com foco também nos componentes menos robustos. Na avaliação da Pantheon, para além da criação de vagas acima do previsto, o relatório em geral aponta para um mercado de trabalho que continua a desacelerar. Já para o CIBC o mercado de trabalho do país segue “bem firme” e justifica postura restritiva do Fed por mais algum tempo.

Ainda na agenda do dia, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços dos EUA recuou de 52,7 em novembro a 50,6 em dezembro, segundo o Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês). Analistas ouvidos pela FactSet previam 52,6, e este dado pressionou o dólar. A Capital considerou que o dado pode sugerir uma rota para recessão nos EUA, mas também comentou que isso deve ser ponderado, com abrandamento por enquanto moderado.

A Capital Economics comenta que o dado do ISM matizou um pouco o “início forte” do dólar em 2024, com os mercados entre a esperança de que o Fed comece a reduzir logo os juros e temores de uma desaceleração mais forte da economia ou de retomada das pressões inflacionárias, que faria o Fed voltar à perspectiva de “juros mais altos por mais tempo”.

Entre outras moedas, a Reuters reportou que bancos estatais da China atuaram nesta semana para conter o yuan, dentro e fora do país. Fontes ouvidas pela agência apontavam que, por exemplo, os grandes bancos reduziram empréstimos nos mercados offshore, para manter a liquidez restrita.

Ainda na Ásia, o iene tem sido foco, com início do ano em forte queda, em parte pelos efeitos do terremoto quase no ano-novo e também em meio a especulações de que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) estaria menos inclinado a apertar a política monetária. A Bloomberg reportava mais cedo que a moeda japonesa liderava as perdas do G10 frente ao dólar e podia confirmar a semana mais fraca desde março de 2020.