O dólar se valorizou nesta quinta-feira, ainda que com impulso limitado ante outras moedas principais, após um indicador positivo do mercado de trabalho dos Estados Unidos trazer mais um sinal de economia forte no país. Diante disso, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) renovava promessas de agir com calma, para assegurar que a inflação caminha à meta de 2% e apenas então começar a cortar juros. O peso mexicano, por sua vez, oscilou após o Banco do México (Banxico) manter a política monetária, mas logo ampliou perdas.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 149,33 ienes, o euro subia a US$ 1,0780 e a libra tinha baixa a US$ 1,2622. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,10%, a 104,165 pontos.

Os novos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA recuaram 9 mil na última semana, a 218 mil, segundo o Departamento do Trabalho. Analistas ouvidos pela FactSet previam 220 mil. O dado deu algum fôlego ao dólar, ao corroborar a avaliação de economia ainda robusta nos EUA.

Entre dirigentes do Fed, Tom Barkin (Richmond) comentou que a força do mercado de trabalho dá mais tempo aos dirigentes, antes de que batam o martelo sobre quando cortar os juros, e reafirmou a paciência na política monetária. Na avaliação do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), o Fed deve adotar postura mais dovish em maio, mas o primeiro corte de juros viria apenas em junho ou mesmo depois disso.

O iene também esteve em foco hoje. Vice-presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Shinichi Uchida afirmou que o país se aproxima da meta de 2%, mas acrescentou que a acomodação deve continuar, em quadro ainda de incertezas elevadas sobre o quadro futuro. Analistas consideram que o BoJ pode ficar estacionado em sua política monetária após acabar com o juro negativo em abril. Na opinião do Rabobank, a cautela deve ter papel importante na postura do BoJ neste ano, mas o tom da fala de Uchida é distinto, confirmando que há preparativos adiantados para abandonar os juros negativos. Com isso, o Rabobank acredita que pode haver elevação de juros em abril, além de projetar que em 12 meses o dólar deve estar em 135,00 ienes.

Entre os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, economista-chefe, defendeu que neste momento é possível aguardar mais dados, para só então decidir sobre juros. Em linha similar, o dirigente Pierre Wunsch argumentou que esperar mais dará mais clareza sobre o quadro, para só então os cortes começarem. Em boletim, o BCE afirmou que os indicadores sugerem melhora “modesta” na economia da zona do euro no primeiro trimestre, enquanto as condições de crédito ficam mais apertadas.

Também no dia de hoje, o BC do México (Banxico) manteve a taxa básica de juros em 11,25%, em decisão unânime. A instituição via riscos para a inflação “tendendo para o lado positivo”, mantendo a previsão de que ela retornará à meta de 3% ao ano somente no segundo trimestre de 2025. Na avaliação da Capital Economics, o Banxico manteve viés hawkish e deve cortar juros apenas em março. Logo após o anúncio, o peso chegou a ensaiar algum impulso, mas logo ampliava perdas frente ao dólar. No horário mencionado, a moeda dos EUA avançava a 17,1668 pesos mexicanos.