O dólar se depreciou ante pares fortes nesta terça, diante de perspectivas de juros menos restritivos nos Estados Unidos após falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Enquanto isso, discursos mais cautelosos de banqueiros centrais do Reino Unido e da zona do euro deram força às moedas locais. Entre emergentes, o dólar blue caía 4,55%, a 945 pesos argentinos no mercado paralelo do país, em meio à visita do presidente eleito Javier Milei aos Estados Unidos e à indicação do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que está considerando contemplar o país com mais um tipo de financiamento.

O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, caiu 0,44%, aos 102,746 pontos. Ao fim da tarde, o dólar caia a 147,51 ienes, o euro avançava a US$ 1,0987 e a libra tinha alta a US$ 1,2691.

O mercado ampliou suas apostas no cenário de manutenção de juros neste ano e de cortes de taxas até o fim de 2024, segundo o CME Group. O posicionamento ocorre depois de uma série de declarações de autoridades do Fed. Entre eles, o diretor Christopher Waller afirmou que se sente encorajado pelos primeiros sinais de moderação da atividade nos EUA, e que está mais confiante de que política monetária está em posição para retornar a inflação à meta de 2%. Os comentários no início da tarde foram descritos como dovish por analistas como da Navellier e do ANZ Group, e tiraram ainda mais força do índice DXY, que já caía.

Do outro lado do Atlântico, o dirigente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) Jonathan Haskel afirmou que a força do mercado de trabalho britânico ainda requer a manutenção de juros elevados por mais tempo. Na mesma linha, o vice-presidente do BoE, Dave Ramsden, reiterou que as taxas precisarão permanecer restritivas por tempo prolongado, alertando que a inflação do Reino Unido agora está mais associada a fatores domésticos e que, por isso, será mais difícil baixá-la.

O integrante do conselho do Banco Central Europeu (BCE) Joachim Nagel falou que poderá ser preciso voltar a elevar juros na zona do euro, caso as perspectivas para a inflação na região piorem. Além disso, o índice GfK de confiança do consumidor subiu a -27,8, em linha com a previsão do mercado.

“Novembro foi favorável para o euro frente ao dólar”, observou a City Index em relatório. “À medida que nos aproximamos do fim do mês, não houve sinais de reversão na tendência, o que significa que o euro está a caminho de potencialmente quebrar a barreira de US$ 1,10 e de estabelecer as bases para ganhos contínuos em dezembro”, descreveu a City Index em relatório.

A casa de análise notou que, enquanto o dólar vive uma desvalorização generalizada à medida que o sentimento do mercado antecipa cada vez mais o início do ciclo de relaxamento monetário nos EUA, os dados europeus estão “finalmente exibindo sinais de estabilização”.

No mercado paralelo da Argentina, o dólar blue voltou a cair, negociado a 945,00 pesos argentinos neste fim de tarde, ante 1000 pesos ontem. As cotações foram apuradas pelo jornal Ámbito Financiero. Milei viajou para os Estados Unidos, onde é previsto que ele se encontre com as altas representações do FMI. A instituição está “muito interessada” em fornecer apoio à Argentina, que poderá ser um candidato a receber financiamento por meio de seu Fundo de Resiliência e Sustentabilidade, disse a diretora-geral Kristalina Georgieva em entrevista à Reuters publicada hoje. No mercado oficial, o dólar avançava a 359,503 pesos argentinos.