O dólar operou em queda nesta terça-feira, 26, enquanto as incertezas em relação à independência do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) se agravaram após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a demissão da diretora Lisa Cook por suposta fraude hipotecária. A notícia se somou ao discurso de sexta-feira do chefe da instituição, Jerome Powell, que acenou para um corte de juros adiante. Investidores também ponderam se a decisão de Trump sobre Cook terá validade judicial.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em queda de 0,21%, a 98,225 pontos. Por volta das 16h50 (de Brasília), o euro se valorizava a US$ 1,1647 e a libra tinha alta a US$ 1,3486. A moeda americana tinha queda ante a japonesa, cotada a 147,36 ienes.

A decisão de Trump de demitir Cook teve apenas impacto moderado até agora sobre o dólar, mas pode levar a quedas mais significativas, afirma Lee Hardman, do MUFG Bank. “A venda relativamente modesta do dólar até agora reflete, em parte, a incerteza sobre se a decisão de Trump de demitir Cook terá validade legal.” Ainda assim, ele diz que se trata de uma escalada no ataque de Trump à independência do Fed, o que pode enfraquecer mais a moeda. Outro fator de pressão é o sinal claro de Powell, na sexta-feira, de que o Fed está mais próximo de retomar cortes de juros.

O Commerzbank avalia que “os tempos devem continuar difíceis e voláteis” para o dólar, diante do desafio de Powell em conciliar política monetária e pressões políticas. A fragilidade fiscal dos EUA e dúvidas sobre a autonomia do Fed tornam improvável uma recuperação duradoura, diz o banco.

O euro mostrou resistência após tensões políticas na França. O ING afirma que a convocação de voto de confiança pelo primeiro-ministro francês, François Bayrou, não deve afetar o euro por ora, já que o peso maior vem da fraqueza do dólar. Para o banco, “talvez a maior ameaça ao euro neste momento seja o posicionamento”. Em relação ao iene, Volkmar Baur, do Commerzbank, projeta estabilidade frente ao dólar e queda contra o euro, à medida que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) deve manter cautela com os juros.

*Com informações da Dow Jones Newswires