O dólar caiu ante rivais nesta quinta-feira, 7, em um dia forte para o euro e o iene. Após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar decisão de manter política inalterada, as falas da presidente Christine Lagarde sugerindo cortes de juros apenas a partir de junho apoiaram a moeda do bloco único. Já o iene foi apoiado por expectativas de que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) em breve começará a mover sua política em direção a uma postura menos acomodatícia – reforçadas por falas de dirigentes do BC local.

O índice DXY, que mede a força do dólar contra seis moedas fortes, fechou em baixa de 0,52%, aos 102,823 pontos.

O comunicado de juros do BCE inicialmente exerceu pressão sobre o euro, com os investidores interpretando a decisão sob um viés mais dovish, como definiu o Nordea. Mas a coletiva de Lagarde, pouco depois, logo mudou o sentimento, à medida que suas falas carregadas de cautela fizeram os mercados ampliarem apostas no início do relaxamento mais adiante. “Lagarde chegou o mais perto que pôde de dizer que o BCE não cortaria juros em abril, com pistas fortes para junho”, comentou o TD Securities.

Foi o que deflagrou o impulso altista do euro. Por volta das 18h (de Brasília), o euro avançava a US$ 1,0951.

Do lado do dólar, investidores do câmbio monitoraram declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, na segunda rodada de audiência no Congresso americano hoje. O Rabobank destacou a falta de qualquer sinal mais hawkish de Powell, bem como dados de emprego dos EUA mais fracos, como fatores para a depreciação do dólar no exterior.

Ao passo que o número semanal de pedidos de auxílio-desemprego se manteve em um patamar mais alto do que se esperava, o custo unitário de mão de obra do trimestre avançou bem menos do que analistas previam.

Com esse pano de fundo e perspectivas de mudança na política monetária do Japão, o dólar caía a 162,18 ienes no horário citado. A moeda japonesa foi apoiado por “especulações crescentes de que o BoJ poderá encerrar sua política de juros negativo neste mês”, de acordo com a Convera.

A narrativa de normalização da política ultra-acomodatícia do BoJ ficou mais forte hoje, depois que a dirigente Junko Nakagawa afirmou que o conselho deverá decidir se revisa seu controle da curva de retorno dos bônus do país (JGB, na sigla em inglês) e as compras de ativos de mais risco. O presidente do BoJ, Kazuo Ueda, disse que o banco central manterá a compra de JGB, mesmo que decida eliminar o controle da curva de juros.