O dólar operou em baixa nesta segunda-feira, 8, ante a maioria das moedas, com exceção notória do iene, que acompanhou o quadro político japonês. As perspectivas de uma relaxamento monetário mais amplo pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pressionou a moeda americana, em uma semana com importantes dados de inflação nos Estados Unidos. Na zona do euro, o destaque foi a crise na França, com a derrota na votação de confiança levando à iminente queda do primeiro-ministro François Bayrou.

Nesta segunda-feira, o movimento teve pouco impacto no câmbio, mas os desdobramentos das incertezas políticas podem acabar pesando nos ativos regionais. Entre os emergentes, destaque para a Argentina, onde o peso despencou seguindo a derrota do partido governista na eleição da província de Buenos Aires, que levanta temores sobre a continuidade dos planos econômicos do presidente Javier Milei.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em queda de 0,32%, a 97,454 pontos. Por volta das 16h50 (de Brasília), o euro se valorizava a US$ 1,1766 e a libra tinha alta a US$ 1,3553. A moeda americana tinha queda ante a japonesa, cotada a 147,36 ienes. O dólar se valorizava a 1.423,49 pesos argentinos no mercado oficial.

O iene foi pressionado pela especulação de que o próximo líder do partido LDP poderia ser menos receptivo ao ciclo de aumento de juros do BoJ, aponta o ING. O LDP planeja realizar a votação para eleger um novo líder e primeiro-ministro no dia 4 de outubro. Ontem (07), o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, anunciou que renunciará, após a derrota na eleição parlamentar de julho.

O presidente francês, Emmanuel Macron, deve anunciar ainda nesta semana o substituto de Bayrou, destacou a Eurasia Group. Segundo a consultoria, Macron espera anunciar um novo premiê esta semana “para evitar uma crise constitucional e de mercado em grande escala”. A Eurasia estima em 60% as chances de que o próximo governo consiga um pacto e um orçamento até o fim do ano, mas adverte que “se um terceiro premiê cair em menos de um ano, Macron terá pouca escolha além de convocar novas eleições legislativas”.

“O dólar perdeu força devido ao payroll na sexta-feira e ao aumento da especulação de que o Fed poderia estar pensando em cortar as taxas de juros em até 50 pontos-base na reunião de política monetária de 16 e 17 de setembro. “Em nossa visão, o Fed provavelmente anunciará um corte de 25 pontos-base na taxa de juros ainda este mês e, com tanta flexibilização já precificada, vemos espaço para recuos em favor do dólar entre um e três meses. Dito isso, mantemos uma previsão do euro a US$ 1,20 e esperamos que um movimento para esse nível coincida aproximadamente com o fim do mandato de Jerome Powell como presidente do Fed no próximo ano”, conclui o banco.