O dólar perdeu fôlego e chegou ao fim da tarde desta segunda-feira, 29, sem direção única, depois que o Tesouro dos EUA anunciou que espera tomar menos financiamento do que o anteriormente estimado no primeiro trimestre. Até então, a moeda americana se fortalecia ante outras divisas fortes, com investidores à espera de novidades importantes nesta semana, como a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e o relatório mensal de empregos (payroll) dos Estados Unidos de janeiro. Em dia de agenda modesta, o euro esteve sob pressão, com expectativa também por sinais da atividade na zona do euro, mas em quadro de fraqueza, conforme reafirmado hoje pelo comando do Banco Central Europeu (BCE).

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 147,44 ienes, o euro recuava a US$ 1,0834 e a libra subia a US$ 1,2711. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,17%, a 103,609 pontos.

O Brown Brother Harriman (BBH) avaliava que o dólar devia manter suporte nesta semana, com potenciais ajustes na comunicação do Fed e os números do payroll. O banco de investimentos considera que o crescimento nos EUA deve manter força no trimestre atual, e avalia os mercados como um pouco cautelosos, no início desta semana.

O Lombard Odier, por sua vez, considera, em seu relatório mensal sobre o câmbio, que mesmo um relaxamento mais cedo pelo Fed seria incapaz de reverter o quadro de fôlego para o dólar. O banco suíço diz que um corte de juros já em março pelo BC americano seria um risco para o dólar, mas acrescenta que ainda assim a moeda dos EUA seguiria apoiada. Ele comenta que os padrões históricos visto desde 1998 mostram fraqueza limitada para o dólar, após o primeiro corte de juros pelo Fed. Além disso, destaca que os ciclos de relaxamento global devem ser coordenados, em contexto de crescimento global fraco, o que deve manter o dólar apoiado. O Lombard Odier ainda vê o franco suíço muito forte e aposta em perda de fôlego para esta moeda nos próximos meses, além de projetar queda do euro frente ao dólar ao longo do primeiro semestre.

Já a Convera, ao avaliar o quadro na zona do euro, diz que os números preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre da região estarão em foco, nesta terça-feira. Investidores avaliam se o bloco entrou em recessão técnica pela primeira vez desde 2020. Além disso, leituras preliminares da inflação ao consumidor para a Alemanha e a zona do euro devem sair na quarta-feira e na quinta-feira, respectivamente, e serão cruciais para avaliar se o BCE subestima as pressões inflacionárias, diz a Convera.

Hoje, o vice do BCE, Luis de Guindos, avaliou que o processo de perda de fôlego da inflação deve continuar na zona do euro, mas também citou o crescimento “praticamente estagnado”, que deve ficar abaixo de 1% neste ano. Entre os dirigentes, François Villeroy de Galhau afirmou que haverá corte de juros em 2024, mas acrescentou que o quadro geopolítico pode influir na data. Peter Kazimir disse que um corte em junho seria mais provável, mas acrescentou que é cedo para decidir.