O dólar operou em baixa nesta sexta-feira, 22, pressionado pelas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole. As falas sugerindo um maior relaxamento monetário abriram espaço para uma maior perspectiva de corte de juros pela autoridade, incluindo na próxima reunião, em setembro. Antes do discurso, as apostas de uma redução de taxas em 25 pontos-base rondavam os 70%, chance ampliada para mais de 90% após o discurso.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em baixa de 0,92%, a 97,716 pontos. Na semana, houve queda de 0,14%. Por volta das 16h50 (de Brasília), o euro se apreciava a US$ 1,1722 e a libra avançava a US$ 1,3522. A moeda americana tinha queda ante a japonesa, cotada a 146,94 ienes.

Segundo Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, declarações mostraram que o Fed pode estar mais preocupado com o mercado de trabalho, sugerindo que a porta está aberta para um corte de juros em setembro, o que não era tão esperado. “Quando se espera que o Fed tome o caminho de uma política monetária menos restritiva, o dólar tende a perder valor frente outras moedas, com o DXY caindo, assim como outras moedas, em um movimento que ocorre nos mercados como um todo”, avalia.

O Fed está agora claramente no caminho para uma postura política, em termos gerais, neutra, aponta a Capital Economics. A maioria dos outros grandes bancos centrais também está, ou já chegou lá, enquanto o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) continua sendo uma exceção, pois ainda está normalizando a política monetária a partir de uma postura acomodatícia, lembra. A menos que ocorram novos choques econômicos nos próximos meses, isso deixa menos espaço para que mudanças nos diferenciais de taxas de juros impulsionem grandes oscilações cambiais do que tem sido o caso há algum tempo, pontua a consultoria.

Dado que o dólar permanece um pouco acima de sua média de longo prazo em termos ponderados pelo comércio real, o caminho de menor resistência pode, portanto, ser em direção a uma maior depreciação do dólar, projeta.

Segundo a Bloomberg, os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) estão cada vez mais convencidos de que podem mais uma vez deixar as taxas de juros inalteradas em setembro, citando fontes com conhecimento do assunto, avaliando que o acordo comercial entre União Europeia e Estados Unidos não deve causar grandes preocupações econômicas. Desde que os juros foram mantidos no mês passado, o crescimento e a inflação vêm se comportando amplamente em linha com as projeções de junho do BCE, ressaltaram.