O dólar chegou ao fim desta quinta-feira, 10, enfraquecido em relação às moedas de outras economias desenvolvidas, reduzindo a força observada logo após o presidente Donald Trump anunciar na quarta uma pausa de 90 dias nas “tarifas recíprocas” para a maioria de seus parceiros comerciais – com exceção da China.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, caiu 1,97%, para 100,867 pontos. A moeda americana se desvalorizava para 144,75 ienes, enquanto o euro avançava para US$ 1,1175 e a libra esterlina era negociada em alta, a US$ 1,2948.

O adiamento de 90 dias em parte das tarifas combinado com o aumento – sem pausa – nas sobretaxas para a China “não agradou a muitos observadores”, diz Marc Chandler, da Bannockburn. Como resultado das mudanças de ontem, “a tarifa efetiva média nos EUA agora é de 24%, em vez de 27%”, afirma Chandler, acrescentando que a taxa ainda representa uma ameaça ao crescimento e à estabilidade de preços.”

Para o analista de câmbio do Ballinger Group, Kyle Chapman, a desaceleração da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano em março dá aos investidores mais um motivo para vender dólar, embora a guerra comercial global obscureça as perspectivas.

Chapman afirma que o CPI de março de fato inclina o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a realizar novos cortes de juros na margem, mas pondera: “Depender de dados não adianta quando já não se pode confiar na trajetória anterior como pista para o futuro”.

O presidente do Fed, Jerome Powell, não encontrará muito alívio no dado mais brando de março, considerando a perspectiva de uma inflação mais alta como resultado das tarifas impostas pelos EUA, acrescenta o analista.

Segundo a Pantheon, o índice de preços ao consumidor ainda não refletiu impactos das tarifas, mas os efeitos devem surgir nos próximos meses e impulsionar o núcleo do CPI para um pico de 3,5% em 2025.

O dólar canadense chegou ao maior nível em quase cinco meses em relação ao dólar americano. Segundo dados da Tullett Prebon, o par USD/CAD caiu abaixo de 1,40 dólar canadense pela primeira vez desde o final de novembro.

Os operadores estão inclinados a esperar uma interrupção do ciclo de afrouxamento monetário do banco central do Canadá na próxima semana, após sete cortes consecutivos na taxa básica de juros, afirma Shaun Osborne, estrategista-chefe de câmbio do Bank of Nova Scotia. “Mas um dos principais fatores nas últimas 24 horas foi a óbvia perda de confiança no dólar americano.”

*Com informações da Dow Jones Newswires