O dólar recuou nesta sexta-feira, 3, em dia de publicação do relatório mensal de empregos (payroll) dos Estados Unidos com números abaixo do previsto para abril, tanto no emprego quanto no aumento do salário médio, enquanto a taxa de desemprego subiu. O dado reforçou apostas de que haverá corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) neste ano, embora os dirigentes continuassem a manter as opções em aberto em suas declarações públicas.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 152,88 ienes, o euro avançava a US$ 1,0769 e a libra tinha alta a US$ 1,2552. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,26%, a 105,030 pontos, com perda de 0,86% na comparação semanal.

Os EUA geraram 175 mil postos de trabalho em abril, inferior aos 225 mil que eram a mediana dos economistas ouvidos pelo Projeções Broadcast. O salário médio por hora subiu 0,20% ante o mês anterior e 4,0% na leitura anual, quando se esperavam altas de 0,3% e 4,0%, respectivamente, enquanto a taxa de desemprego subiu de 3,8% em março a 3,9%. O dado reforçou a tendência já vista de baixa no dólar, houve ainda um ajuste mais adiante, mas o quadro negativo prosseguiu.

Analistas em geral avaliaram que o dado reforçava a chance de corte de juro neste ano nos EUA, o que também se refletiu no monitoramento do CME Group, no qual crescia a chance de uma redução em setembro.

A Pantheon comenta que o corte de juros pelo Fed poderia de fato vir em setembro, e ainda projeta redução total de 100 pontos-base neste ano. Já o Jefferies afirmava que, apesar da perda de fôlego no mercado de trabalho, o quadro seria insuficiente para o Fed cortar juros, enquanto Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) e professor da Universidade Harvard, acreditava apenas em um corte neste ano, em setembro ou dezembro, ante a inflação persistente no país.

Entre dirigentes do Fed, o presidente da distrital de Chicago, Austan Goolsbee, avaliou o payroll como “sólido”, mas disse que ainda é preciso entender a alta recente da inflação no país. A diretora Michelle Bowman previu que a inflação cairá, mas não descartou mais alta nos juros, caso a inflação siga no nível atual ou volte a acelerar, enfatizando que as decisões dependerão dos dados, a cada reunião.

Na Ásia, autoridades de China, Coreia do Sul e Japão destacaram a volatilidade cambial como um risco no curto prazo, em comunicado conjunto. O ministro das Finanças japonês, Shunichi Suzuki, afirmou que pode ser necessário suavizar a variação excessiva do iene, ao ressaltar a importância da estabilidade cambial para famílias e empresas. Além disso, havia especulações sobre a possibilidade de uma maxidesvalorização do yuan pelo Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), que poderia ser de até 20% em relação ao dólar.