O dólar subia ante a maioria dos principais pares nesta segunda-feira, 18, com cautela antes da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira. A moeda dos EUA apresentava leve ganho frente ao iene, em meio a especulações sobre os planos do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) na decisão que será divulgada na madrugada da terça-feira.

A moeda japonesa reduziu as perdas para o dólar com o desenrolar do pregão em Nova York diante das expectativas de que o BoJ pode aumentar a taxa básica de juros no Japão pela primeira vez desde 2007. No fim da tarde, uma reportagem da Nikkei revelou que a autoridade monetária pretende abandonar as políticas de juros negativos e de controle da curva de rendimentos (YCC, na sigla em inglês).

Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o dólar tinha alta marginal, cotado a 149,17 ienes, após chegar a subir a 149,33 ienes mais cedo. O dólar subia com mais força ante os pares europeus, com o euro cotado a US$ 1,0872. A libra esterlina caía a US$ 1,2726. O índice dólar, que meda a variação da moeda ante uma cesta de principais pares, avançava 0,19%, a 103,62 pontos.

O mercado vem reduzindo as apostas para o ritmo de cortes de juros que o Fed implementará este ano, conforme sugere a plataforma de monitoramento do CME Group. Esse movimento deu apoio não só ao dólar como também aos rendimentos dos Treasuries.

Na Ásia, a reunião do Banco do Japão poderá não ser um ponto de inflexão decisivo para impulsionar o iene japonês, mesmo que o Banco do Japão encerre a política de taxas de juro negativas e o controle da curva de rendimentos dos títulos, dizem os analistas do banco MUFG.

“O Banco do Japão teria de sinalizar mais confiança de que a política precisa ser ainda mais rigorosa para desencadear um iene mais forte”, afirmaram analistas da instituição em nota.

O MUFG espera, atualmente, que o BoJ faça apenas mais um aumento este ano, no quarto trimestre. O MUFG espera que o par USD/JPY (dólar contra iene) recue no segundo semestre do ano, mas isso também está condicionado a um cenário de redução da taxa de juros para perto de 4,00% pelo Fed em resposta à desaceleração da inflação em direção à meta de 2,0%, na visão dos analistas.

O chefe de estratégia de juros do Deutsche Bank, Francis Yared, acreditava, há alguns meses, que existia o potencial relevante de um aumento da taxa terminal no Japão de 75 pontos-base. “Quando você considera que os títulos do Japão (JGBs) de 2 e 5 anos são negociados a 0,17% e 0,36%, respectivamente, isso deixa um potencial de alta para os rendimentos”, segundo nota do banco distribuída nesta segunda-feira. “Havia o risco de que um ciclo de alta da taxa japonesa fosse interrompido antes disso por uma recessão nos EUA no final de 2023 ou início de 2024. Mas com esse risco reduzido agora, abre o caminho para taxas de base e rendimentos japoneses mais elevados”, observa a nota.