O dólar avançou ante outras moedas principais, como iene e libra, em meio a avaliações sobre os números do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, publicado nesta terça-feira. No caso da moeda britânica, houve baixa também após dados oficiais mostrarem perda de força nos salários no Reino Unido. Já na Argentina, o peso ganhou fôlego após no fim do dia de ontem o BC cortar juros e, hoje, com nova leitura da inflação, que desacelera na leitura mensal, mas ainda está em 276,2% na leitura anual de fevereiro.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 147,67 ienes, o euro operava estável, em US$ 1,0928, e a libra tinha baixa a US$ 1,2792. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,09%, a 102,957 pontos.

O CPI dos EUA subiu 0,4% em fevereiro ante janeiro, após ajustes sazonais, em linha com a mediana dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Já o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,4%, acima da previsão de ganho de 0,3% dos analistas. Na comparação anual, o CPI do país teve alta de 3,2% em fevereiro, acelerando frente ao aumento de 3,1% de janeiro, e o núcleo avançou 3,8%, após ganho de 3,9% no mês anterior.

Para o Commerzbank, o dado mostrou que o mercado superestima a chance de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A Capital Economics considerou que o CPI forte colocava em risco um corte de juros pelo Fed em junho, enquanto o Wells Fargo ainda via o dado como “em geral encorajador”, com tendência de desinflação e perspectiva de corte de juros a partir de junho.

A Oxford Economics afirmava que existe a possibilidade de redução nas taxas pelo Fed em maio, enquanto o Citi falava em corte em junho. No mercado cambial, o dado deu impulso modesto ao dólar.

Já na Europa, a taxa de desemprego no Reino Unido subiu a 3,9% no trimestre até janeiro (de 3,8% nos três meses até dezembro), enquanto o salário semanal médio teve avanço anual de 6,1% no trimestre até janeiro, desacelerando levemente do ganho de 6,2% visto no trimestre até dezembro. Segundo o BBH, a libra era negociada abaixo de US$ 1,28 após dados “brandos” do mercado de trabalho britânico.

Na região, o Banco Central da República Argentina (BCRA) cortou a taxa de passivos de 1 dia de 100% a 80% ao ano e anunciou que eliminará a taxa de juros mínima de prazo fixo. Nesta tarde, foi informado que a inflação ao consumidor subiu 13,2% em fevereiro ante janeiro, com alta anual de 276,2%. A leitura mensal desacelerou pelo terceiro mês, após avanços de 25,5% em dezembro e de 20,6% em janeiro.

Na avaliação do local Banco Mariva, até agora a inflação parece se comportar como planejado pelo governo de Javier Milei, mas é crucial que as autoridades mantenham a disciplina para controlar o quadro.

“O pior pode ter ficado para trás, e a forte redução no núcleo da inflação certamente aponta nesta direção”, acredita o Mariva, mas o banco complementa que o desafio real será levar a inflação a uma tendência “baixa e constante”, em quadro de expectativas ainda não ancoradas.

Em meio às notícias, o peso argentino se valorizou no dia, no câmbio oficial. No horário citado, o dólar caía a 831,1510 pesos.