O dólar operou novamente em baixa nesta quarta-feira, 13, ante a maioria das moedas, seguindo o movimento desde a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos de julho na terça-feira, e levou a referência DXY a seu menor nível em duas semanas. O dia contou com agenda esvaziada para indicadores nos Estados Unidos, e parte das atenções se voltou para as mudanças promovidas na administração do presidente do Donald Trump em estruturas como o Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês).

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em baixa de 0,26%, a 97,840 pontos. Por volta das 16h50 (de Brasília), o euro se apreciava a US$ 1,1702 e a libra subia a US$ 1,3571. A moeda americana tinha queda ante a japonesa, cotada a 147,46 ienes.

“A divulgação do CPI dos EUA de ontem acabou sendo um evento negativo para o dólar. A aceleração da inflação subjacente para 3,1% em relação ao ano anterior e 0,33% em relação ao mês anterior está longe do ideal, mas também não é alarmante o suficiente para ofuscar a deterioração do mercado de trabalho”, afirma o ING. Portanto, o corte do Fed em setembro permanece firmemente precificado. “Neste momento, o dólar tem poucos argumentos de alta para se sustentar. Pesquisas futuras podem pintar um quadro melhor da atividade, mas agora tudo se resume ao mercado de trabalho: uma recuperação substancial do dólar em relação a esses níveis parece realista apenas se os números de emprego se tornarem significativamente mais fortes”, avalia o banco.

Sobre os dados de emprego, foi relatado ontem que o novo chefe do BLS, E.J. Antoni, está considerando mudar de relatórios mensais de folha de pagamento para trimestrais durante um período de revisão de metodologia. “É difícil avaliar exatamente o quão seriamente os mercados estão levando essa ameaça: a reação tem sido moderada. Acreditamos que os riscos de queda para o dólar sejam substanciais caso o BLS prossiga com a mudança de frequência”, aponta o ING.

Os ataques de Trump, ao Fed e ao BLS representam uma ameaça às perspectivas do dólar, afirma o analista de câmbio do Commerzbank, Michael Pfister. Diante do contexto das sucessivas críticas de Trump e à mudança no departamento, o analista observa que “cada vez mais, isso traz ecos de países autocráticos, onde os chefes de agências de estatística ou bancos centrais estão sendo substituídos”. “Os acontecimentos dos últimos dias e semanas não me enchem exatamente de otimismo em relação ao futuro – ou ao dólar americano”, ressalta.