27/06/2012 - 21:00
Papéis avulsos
A BM&FBovespa poderá ter concorrentes no Brasil? Um estudo encomendado à consultoria inglesa Oxera pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) presidida por Maria Helena Santana, foi divulgado na segunda-feira 18. Nele, a consultoria afirma que os investidores seriam beneficiados com o fim do monopólio local da empresa, que já concorre com as bolsas de Nova York e Madri, onde há negociação de papéis brasileiros. A abertura do mercado por aqui reduziria os preços dos serviços de negociação e custódia, conclui a Oxera. Mas qual instituição vai investir bilhões de dólares em sistemas de negociação, liquidação, custódia e gestão integrada de riscos? As desafiantes Direct Edge e Bats, por ora, querem oferecer apenas a negociação. Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa, não pretende oferecer serviços de liquidação e custódia para concorrentes antes de 2014. Outra questão a ser analisada são os custos adicionais para corretoras e para a própria CVM. A novela vai longe. Qualquer decisão será tomada pelo sucessor de Maria Helena, cujo mandato acaba em 13 de julho.
Palavra do analista: A Votorantim Corretora considerou o evento levemente positivo para as ações, pois seus analistas dizem confiar nas iniciativas da bolsa para manter seu bom desempenho. Os analistas do Deutsche Bank recomendam comprar os papéis, com um preço alvo de R$ 16.
Infraestrutura
O novo caminho da Ecorodovias
A concessionária Ecorodovias, que explora a concessão do sistema Anchieta-Imigrantes, concluiu a aquisição do Tecondi, terminal no porto de Santos. A companhia exerceu a opção de compra de 58,7% do capital por R$ 877 milhões, e agora tem 100% das ações. Em maio, ela havia comprado 41,3% do Tecondi por R$ 540 milhões.
Touro x Urso
Enquanto digerem a notícia do rebaixamento dos principais bancos internacionais pela agência Moody’s, os investidores buscam sinais de aquecimento da economia americana ou chinesa para justificar seu ânimo. No entanto, a semana se inicia sob a influência dos Ursos. A queda da nota vai contrair o crédito e dificultar a retomada do crescimento.
Destaque no pregão
Petrobras à espera de Lobão
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse na quinta-feira 21 que o percentual do aumento da gasolina está para ser definido. Os prognósticos do mercado são de que o reajuste deverá ser de 10%. O fato de a trajetória da inflação ser descendente facilita ao governo reajustar o combustível sem aditivar os índices de preços. A demora atormenta Graça Foster, presidente da Petrobras, que defende o reajuste para colocar em prática o plano de investimentos de US$ 236 bilhões da estatal. Ricardo Zeno, diretor da carioca AZ Investimentos, diz que essa perspectiva vem puxando as ações, que lideravam na baixa do Índice Bovespa. “Um reajuste inferior a 10% poderá precipitar novas quedas das cotações.”
Brazil Pharma vai captar R$ 488 milhões
As negociações de novos papéis da Brazil Pharma começam na segunda-feira 25 na BM&F Bovespa. A nova emissão terá 45 milhões de ações ordinárias em oferta primária e 7 milhões de ações em oferta secundária, que serão vendidas pelos acionistas atuais. Haverá ainda um lote suplementar de 800 mil ações. Considerando todos os lotes, a oferta poderá movimentar R$ 488 milhões. O preço de venda será de R$ 9,25 por ação.
FIQUE DE OLHO: As ações da Brazil Pharma vêm apresentando um desempenho muito superior ao da média do mercado. Desde seu lançamento, os papéis subiram 11,2% enquanto, nesse período, o índice Bovespa caiu 8,4%.
Bancos
Cúpula do BNB cai por rombos no banheiro
Denúncias de desvio de verbas no Banco do Nordeste do Brasil (BNB) derrubaram o presidente Jurandir Vieira Santiago e outros dois diretores. Segundo o Ministério Público do Ceará, eles estariam envolvidos em um suposto esquema para desviar verbas da construção de banheiros populares em Ipu, no sertão cearense. O governo federal controla 90% do capital do banco.
Construção
Pessimismo com a PDG
Os papéis da PDG Realty amargam uma queda de 35% neste ano. Os investidores ainda aguardam a injeção de R$ 800 milhões prometida pela gestora Vinci Partners, que será discutida no dia 3 de julho. Adriano Moreno, da Futura Investimentos, diz esperar resultados ruins no segundo trimestre.
Mercado em números
Randon
R$ 308,3 milhões - Foi a receita líquida da montadora em maio, queda de 21% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Nos cinco primeiros meses de 2012, a receita líquida foi de R$ 1,34 bilhão, recuo de 22% em relação a 2011.
Cemar
R$ 280 milhões - Foi quanto a Companhia Energética do Maranhão e a Equatorial Energia captaram com a emissão de 28 mil debêntures simples, com prazos de até oito anos. O valor de remuneração não foi divulgado.
Fras-le
R$ 63,4 milhões - É a receita líquida que a produtora de lonas e pastilhas de freios registrou em maio deste ano. O resultado é 29% maior que a comparação com o mesmo mês de 2011.
Lojas Renner
R$ 20,7 milhões - É o valor dos juros sobre o capital próprio a ser pagos pela rede de varejo. O pagamento será realizado em 2013, após a assembleia que avaliará os resultados de 2012.
Kepler Weber
50 para 1 - Esta é a proporção do grupamento de ações que a companhia de equipamentos para o agronegócio pretende fazer. Atualmente, há 1,3 bilhão de papéis em circulação no mercado e, com a redução, esse número cairá para 26,1 milhões.
Pelo mundo
A nova face do Facebook
O Facebook anunciou na segunda-feira 18 a aquisição da empresa israelense Face.com, que desenvolveu a ferramenta de reconhecimento facial usada pela rede social para ajudar usuários a identificar e a marcar fotos, por um valor estimado em US$ 100 milhões. No dia do anúncio, as ações do Facebook subiram 4,6%, cotadas a US$ 31,41.
Procter espera crescer menos
Os problemas na Europa e nos Estados Unidos e a desaceleração econômica na China levaram a Procter & Gamble a reduzir sua previsão de crescimento. A empresa divulgou na quarta-feira 20 que espera um avanço máximo de 3% nas vendas, ante a projeção anterior de 5%. No dia do anúncio as ações caíram 2,9%, para US$ 60,39.
Wall Street com fome de Burger King
O Burger King voltou à bolsa americana na quarta-feira 20. As ações subiram 3,5%, a US$ 15,01. O retorno após dois anos, deve-se à venda de 29% da empresa para Bill Ackman, por US$ 1,4 bilhão.
Personagem
Uma empresa à espera dos 60 mil pontos
Criada na década de 1990, a Sênior Solution, empresa paulista de software de gestão, foi a terceira participante do segmento de acesso ao mercado Bovespa Mais. O CEO Bernardo Gomes diz que basta uma janela de oportunidade para vender as ações.
Qual é a estratégia da Sênior Solution para crescer?
Criamos a Sênior Solution na década de 1990 já pensando em crescer por aquisições, e logo saímos buscando investidores.
Como a empresa pretende financiar essas compras?
Levantamos capital junto ao BNDES e a fundos de private equity e adquirimos três empresas entre 2005 e 2007. Nesse ano, contratamos um assessor financeiro para ingressar no Bovespa Mais, mas com as sucessivas crises adiamos os planos até 2012.
Por que o Bovespa Mais?
Temos sete anos para colocarmos 25% de ações no mercado. Como as janelas de oportunidade abrem e fecham depressa, dividimos o processo em duas fases. A primeira é a de listar os ativos na bolsa e a segunda é fazer o IPO. Estar listado significa que temos governança corporativa e registro na CVM.
Quando a abertura de capital deve ocorrer?
Se houver uma janela de oportunidade podemos abrir o capital em apenas 60 dias. Para mim, o momento apropriado é quando o Ibovespa atingir 60 mil pontos. Não podemos vender bem nossas ações se o mercado estiver aquecido demais, pois aí teremos de concorrer com companhias de maior porte pela atenção do investidor.
Quais os planos após o IPO?
Nosso setor tem 120 empresas e 40 delas nos interessam por serem complementares às nossas atividades. Esse grupo fatura, em média, de R$ 10 milhões a R$ 30 milhões por ano. Após o IPO poderemos comprar essas companhias pagando com nossas ações, sem ter de mexer no nosso caixa.
Colaboraram: Patricia Alves e Fernando Teixeira