03/12/2025 - 16:40
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou, na decisão desta quarta-feira, 3, que decretou a prisão preventiva do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), que o caso expõe a existência de um “estado paralelo” no Estado, marcado pela “profunda infiltração” do Comando Vermelho no poder público.
Moraes decretou a prisão de Bacellar após a Polícia Federal (PF) apontar que ele vazou informações da Operação Zargun, que prendeu o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, por ligação com a facção criminosa.
Para o ministro, o conjunto das provas apresentadas pela PF demonstra uma articulação política destinada a frustrar a operação deflagrada em setembro. Segundo Moraes, Bacellar atuou para vazar informações sigilosas, além de acompanhar em tempo real o cumprimento dos mandados, configurando interferência direta na investigação.
Moraes afirmou que o caso evidencia a formação de um “estado paralelo, capitaneado pelos campos da política fluminense”, sustentado por uma “profunda infiltração do crime organizado no poder público”.
O ministro fala ainda em “periculosidade acentuada decorrente da infiltração criminosa” e descreve Bacellar como um “agente político anômalo” capaz de comprometer a atuação dos órgãos de persecução penal.
A PF relatou que, no dia da deflagração da operação, o governo do Rio e a cúpula da Alerj promoveram uma manobra regimental imediata para substituir TH Joias por meio de um ato publicado no Diário Oficial.
Para os investigadores, o movimento buscou blindar o grupo político afetado pela prisão e reforça a suspeita de que o vazamento servia para proteger agentes ligados à facção.
Ao decretar a prisão preventiva, Moraes enquadrou o caso como crime permanente associado a organização criminosa armada, o que permite a prisão de parlamentar mesmo sob imunidade.
O ministro afirmou que medidas alternativas seriam insuficientes diante da capacidade de interferência política de Bacellar, do risco à instrução processual e da continuidade delitiva. Para o ministro, o caso expõe uma infiltração da facção no Legislativo fluminense, justificando o afastamento imediato do presidente da Alerj.