O juiz Sérgio Moro, encarregado do julgamento do megaescândalo da Petrobras, aceitou nesta terça-feira (20) a denúncia por corrupção contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, recebo a denúncia contra os acusados”, afirma o juiz em texto enviado à imprensa.

A Procuradoria-Geral da República denunciou Lula por ter recebido 3,7 milhões de reais em benefícios da construtora OAS, uma das principais envolvidas no escândalo do “Petrolão”.

Lula “seria o beneficiário direto de vantagens concedidas pelo Grupo OAS e, segundo a denúncia, teria conhecimento de sua origem no esquema criminoso que envolveu a Petrobras”, destaca Moro.

A procuradoria afirma que a OAS entregou a Lula “parte dos valores recebidos de contratos fraudulentos com a Petrobras”. Os subornos foram repassados “mediante a compra, personalização e decoração de um apartamento tríplex no Guarujá”, no litoral paulista.

A denúncia envolve ainda Marisa Letícia da Silva, mulher de Lula, e outras seis pessoas.

Lula sempre negou ser o proprietário do tríplex no Guarujá.

Com o recebimento da denúncia, Lula ficará pela primeira vez cara a cara com Moro, o juiz encarregado da Operação Lava Jato, que tem abalado as estruturas da corrupção no Brasil.

As investigações da Lava Jato envolvendo a Petrobras colocaram na mira da Justiça dezenas de parlamentares e enviaram para a prisão vários políticos e empresários.

Na denúncia contra Lula, 70 anos, os procuradores afirmaram que o ex-presidente era o “comandante máximo” do esquema de corrupção que durante uma década drenou bilhões de reais da Petrobras.

Lula se torna réu e corre o risco de ficar inelegível – caso seja condenado em segunda instância – apenas duas semanas após o impeachment de Dilma Rousseff, sua herdeira política e sucessora.