17/10/2022 - 13:28
Novamente aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) passou boa parte deste ano criticando o chefe do Executivo. Ex-juiz da Lava Jato, Moro foi pré-candidato à Presidência da República e se apresentava como uma opção aos eleitores que não desejavam votar nem Lula nem Bolsonaro.
Antes de fazer as pazes com o presidente, Moro o atacou nos temas corrupção, economia e política externa, por exemplo. Ainda no primeiro turno das eleições, porém, declarou apoio ao chefe do Planalto – em busca dos votos bolsonaristas que o ajudaram a se eleger senador pelo Paraná – e ficou ao lado dele no debate presidencial da Band TV neste domingo, 17.
Ainda durante sua tentativa de se tornar presidente, Moro chegou a dizer que Jair Bolsonaro não era digno da Presidência. Em janeiro, o ex-ministro afirmou que o presidente mente, “assim como Lula”, e que nada do que ele fala deveria ser levado a sério.
Em março, Moro compartilhou uma matéria do Estadão sobre a redução das investigações sobre corrupção no governo Bolsonaro. Em publicação nas redes sociais, o ex-juiz insinuou “haver uma razão” para tal, dando a entender que o presidente dificultava o combate à corrupção.
Moro foi ministro da Justiça de Bolsonaro até abril de 2020. Ele se demitiu alegando que o chefe do Executivo tentava interferir na Polícia Federal. À época, Bolsonaro havia demitido o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, sem expor motivos plausíveis. Valeixo havia sido indicado por Moro.
Com a intenção de se aproximar do eleitor de centro, Moro passou a juntar Lula e Bolsonaro na mesma categoria, tentando associar a ambos a pecha de corruptos. Em publicação de janeiro nas redes sociais, o ex-juiz desafiou os dois a “abrir as contas”. No caso do presidente, o alvo da acusação era o suposto esquema de “rachadinha” em seu gabinete de deputado federal.
Sigilos
Em abril, Moro criticou o fato de o presidente Jair Bolsonaro decretar sigilo de 100 anos em processos e documentos do governo. Como mostrou o Estadão, essa prática é recorrente pelo chefe do Executivo e já atingiu até mesmo as visitas recebidas pela primeira-dama Michelle Bolsonaro no Palácio da Alvorada. O ex-juiz afirmou, em tom irônico, que o presidente poderia decretar sigilo sobre seus tweets.
Em fevereiro, Moro criticou a visita do presidente ao Kremlin, sede do governo da Rússia, quando o cenário político da região já apontava para a iminência da guerra contra a Ucrânia. Segundo o ex-juiz, Bolsonaro fez papel de “trapalhão” e demonstrou “incrível capacidade de estar no lugar errado e na hora errada”.
Naquelas semanas, o ex-ministro fez uma série de publicações criticando a neutralidade do governo brasileiro diante da invasão russa à Ucrânia. Moro chegou a dizer que, se fosse eleito presidente, faria diferente e condenaria o presidente russo, Vladimir Putin, pela ofensiva.
‘Covarde’
No início do ano, Moro chamou Bolsonaro de “covarde” e disse que “falta coragem” ao presidente. Semanas antes, Bolsonaro havia chamado Moro de “um idiota aí” ao comentar a pré-candidatura do ex-juiz à Presidência. “Tem um idiota aí agora, não vou falar o nome dele: ‘Ah, comigo a economia vai ser inclusiva, sustentável’. Esse cara passou aí um ano e pouco no meu governo, nunca abriu a boca em reunião de ministros”, disse Bolsonaro, em dezembro de 2021.