20/11/2021 - 19:00
Além de possível candidato do partido à Presidência, o ex-ministro Sergio Moro deve assumir um papel extra no Podemos. A legenda conta com a ajuda do ex-juiz da Lava Jato para ampliar e aprimorar seu programa de compliance com uma série de mecanismos de controle interno.
Entre as possibilidades está a criação de um canal de denúncias e um portal para dar transparência à movimentação financeira da sigla mês a mês. Como mostrou o Estadão, a agremiação escolhida por Moro para se filiar abriga suspeitas de candidaturas laranjas, alvos da Polícia Federal e da própria Lava Jato.
Embora não tenha um cargo no partido, Moro tem auxiliado no processo e se comprometeu a dar sugestões para a melhoria do programa. Além da experiência como juiz que analisou os casos da Lava Jato e de comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Moro atuou no mercado privado justamente com foco em ações de compliance no último ano – quando prestou serviços à empresa de consultoria Alvarez & Marsal nos Estados Unidos.
O secretário de Transparência do Podemos, Fernando Torres, afirmou que Moro já participava do processo de implementação de compliance na sigla mesmo antes de se filiar. “Nossa presidente nacional Renata Abreu tem um ano de conversas com Moro. Todo o material que foi produzido, novo código de ética, a política de compliance, foi passado para o doutor Sergio Moro”, disse Torres ao Estadão.
Uma das ideias que o ex-juiz deseja que seja colocada em prática pelo partido é a adoção da chamada due diligence, algo normalmente usado por empresas privadas para levantar informações e avaliar riscos operacionais e de contratos. No contexto partidário, a iniciativa se aplica na contratação de serviços terceirizados, como fornecedores e prestadores de serviços, e também nas doações eleitorais. No mundo corporativo, compliance é o conjunto de regras que buscam garantir que uma empresa esteja de acordo com a legislação, “em conformidade” com a lei.
CREDIT SUISSE. Ontem Moro participou de encontro sobre economia e investimentos promovido pelo banco Credit Suisse. O juiz convidou para o encontro o economista e seu conselheiro na área, Affonso Celso Pastore. Segundo a assessoria do Podemos, Moro defendeu no evento a necessidade de reconstrução do País e disse que pretende “vender um sonho, um projeto” e não entrar numa campanha “para acabar a polarização Lula-Bolsonaro”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.