07/01/2022 - 17:14
Sidney Poitier, o primeiro grande astro negro de Hollywood, morreu aos 94 anos, deixando de luto a indústria do entretenimento, ativistas e políticos.
Poitier, de dupla nacionalidade americana e bahamense, era “um ícone, um herói, um mentor, um lutador, um tesouro nacional”, escreveu o vice-primeiro-ministro das Bahamas, Chester Cooper, em sua página oficial no Facebook nesta sexta-feira (7).
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Estrelas de Hollywood como Whoopi Goldberg, Viola Davis e Tyler Perry fizeram homenagens emocionadas ao ator, luto acompanhado pelo ex-presidente Barack Obama.
“Ao mestre… com amor. Sir Sidney Poitier R.I.P. Nos mostrou como alcançar as estrelas”, escreveu Goldberg em sua conta no Twitter.
Viola Davis, também vencedora do Oscar, disse que “a dignidade, normalidade, força, excelência e pura eletricidade de Poitier (…) nos mostrou que nós, como negros, importamos!”
– “Uma viagem longa” –
Nascido em Miami, Flórida, em 20 de fevereiro de 1927, onde seu pai, agricultor de tomates, vendia seus produtos, o jovem Sidney e sua família voltaram para as Bahamas, onde ele cresceu na pobreza.
Aos 15 anos voltou para Miami, onde morava seu irmão Cyril. Mais tarde, ele se mudou para Nova York e trabalhou como lavador de pratos e ajudante de garçom.
Ele se juntou ao Exército durante a Segunda Guerra Mundial como fisioterapeuta e depois retornou à “Big Apple” para se dedicar totalmente à atuação.
Foi o primeiro ator negro a ser indicado ao Oscar com “The Defiant Ones” (Acorrentados), de 1958 e, seis anos depois, foi o primeiro afro-americano a ganhar o Oscar de melhor ator por “Uma Voz na Sombras”.
“Sempre estarei seguindo você, Sidney. Sempre seguirei seus passos”, disse Washington em 2002 ao receber o prêmio de Poitier.
Poitier desempenhou uma série de papéis inovadores em um momento de grande tensão racial na América nos anos 1950 e 1960.
Equilibrou o sucesso com um senso de dever, escolhendo projetos que abordavam intolerância e estereótipos. Sua filmografia inclui clássicos como “No Calor da Noite”, “Adivinhe Quem Vem Para Jantar” e o memorável “Ao Mestre com Carinho”.
Na televisão, interpretou figuras históricas como o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, e o primeiro juiz negro da Suprema Corte dos Estados Unidos, Thurgood Marshall.
– “Abriu as portas” –
Poitier foi premiado em 2009 com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria civil dos Estados Unidos, das mãos do próprio presidente Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
“Com seus papéis pioneiros e seu talento único, Sidney Poitier juntou dignidade e graça revelando o poder que os filmes têm de nos unir. Ele também abriu as portas para uma geração de atores”, tuitou Obama nesta sexta-feira.
“Michelle e eu enviamos nosso amor para sua família e sua legião de fãs”.
O primeiro vice-ministro das Bahamas, Chester Cooper, acrescentou em seu sincero tributo que a notícia o deixou com sentimentos contraditórios.
“Tristeza por ele não estar mais aqui para dizer a ele o quanto significa para nós e celebração por ele ter feito tanto para mostrar ao mundo que aqueles que vêm das origens mais humildes podem mudar o planeta”.
“Não há homem nesta indústria o que tenha sido mais uma estrela polar para mim do que Sidney Poitier”, disse o escritor, ator e comediante Tyler Perry (“Star Trek”, “Vice”, “Garota Exemplar”) , também afro-americano.
Poitier era casado com sua segunda esposa, Joanna, desde 1976 e deixa seis filhos, além de numerosos netos e bisnetos.
Em 1997, ele assumiu um posto cerimonial como embaixador das Bahamas no Japão.
Em 2002, Sidney Poitier recebeu um Oscar honorário por “suas atuações extraordinárias, sua dignidade, seu estilo e sua inteligência”.
Isso se refletiu com as manifestações de luto desta sexta-feira, vindas não apenas de Hollywood.
“Um grande amigo, aprendi muito assistindo Sidney”, tuitou a lenda do basquete Magic Johnson. “Que descanse em paz”.