A lenda do cinema, Dino de Laurentiis, que faleceu nesta nesta quinta-feira em Los Angeles, aos 91 anos, foi considerado o maior produtor da Itália do pós-guerra e do neorrealismo com filmes cultos como “Arroz Amargo” de De Santis e “A Estrada da Vida” de Fellini premiados com um Oscar.

Produtor e coprodutor de mais de 500 filmes, com 38 desses designados ao Oscar, ele recebeu em Los Angeles em 2001 o prêmio Irving Thalberg pelo conjunto de sua carreira. A premiação é dedicado aos “produtores criativos” e aos “trabalhos de alta qualidade”.

Nascido em 8 de agosto de 1919 em Torre Anunziata, na região de Nápoles (sul da Itália), Agostino, conhecido como Dino, de Laurentiis era filho de Aurelio e Giuseppina de Laurentiis, fabricantes de massas. Ele cresceu vendendo nas ruas os espaguetes feitos por seu pai.

Ainda muito jovem, ele se inscreveu no Centro de Cinema Experimental de Roma, pensando em virar ator. Ganhou a vida como cenógrafo e assistente de direção, decidindo, depois, virar diretor de fotografia. Com apenas 20 anos, ele produziu seu primeiro filme: “L’Utimo Combattimento” de Piero Ballerini, seguido de “L’amore canta”, com o qual começou a fazer sucesso.

Em 1949, o produtor se casou com a atriz Silvana Mangano, o grande amor de sua vida, revelado pelo filme “Arroz Amargo” de Giuseppe de Santis que lhe rendeu reconhecimento internacional.

Junto com outro famoso produtor italiano, Carlo Ponti, futuro marido de Sofia Loren, De Laurentiis dirigiu em 1952 o primeiro filme italiano em cores “Totò a colori” (Totó a cores).

Na década de 1950, ele apoiou diretores como Roberto Rossellini, cineasta emblemático do neorrealismo italiano, e Eduardo de Filippo e produziu “A Grande Guerra” de Mario Monicelli com Alberto Sordi e Vittorio Gassman (Leão de Ouro em Veneza, em 1959).

Após “A Estrada da Vida” e “As Noites de Cabíria” de Fellini, ele passou, a partir de 1957, a produções mais comerciais como “Guerra e Paz” de King Vidor.

Em 1962, ele ergueu os estúdios de “Dinocitta” no sul de Roma: um vasto conjunto de cenários, escritórios e apartamentos para os atores inaugurado por John Huston durante a filmagem de “A Bíblia” (1964-1965) e onde seria produzido “O Estrangeiro” de Luchino Visconti, entre outros filmes. Mas “Dinocitta” faliu.

Migrou para os Estados Unidos em 1972 porque dizia se sentir muito limitado na Itália. De Laurentiis produziu seus primeiros sucessos comerciais, como “Barbarella” e “Conan, o Bárbaro”, mantendo o apoio a filmes autorais como “Os Três Dias do Condor” de Sydney Pollack com Robert Redfort e “Veludo Azul” de David Lynch.

Em Los Angeles, ele foi elogiado pela crítica por “Ragtime” (1981), mas outras produções foram menos bem-sucedidas, como o remake de “King Kong” de 1976 e “Duna” de Lynch, um fracasso comercial.

Seus dois filmes mais recentes foram “Hannibal – A origem do mal” (2007) e “Dragão Vermelho”, uma refilmagem de “Manhunter – Caçada ao Amanhecer”, de 2002.

Dino De Laurentiis teve quatro filhos com Silvana Mangano, finalista do concurso Miss Itália. Mas após a morte de seu único filho homem Federico em um acidente de avião no Alasca em 1981, o casal se separou. O divórcio foi anunciado pouco tempo antes da morte da atriz em 1989.

De Laurantiss casou novamente, pela terceira vez, com a bela loira Martha Schumacher com quem teve mais duas filhas.

Em seu aniversário de 90 anos em agosto de 2009, De Laurentiis reuniu nos Estados Unidos toda a família, incluindo seu sobrinho Aurelio, produtor cinematográfico conhecido na Itália.

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