29/12/2024 - 18:40
O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter morreu neste domingo, aos 100 anos. Ele estava em sua casa, na cidade de Plains, Geórgia. A informação foi confirmada por um de seus filhos ao jornal americano “The Washington Post”. James Earl Carter Jr. deixou a esposa, Rosalynn, com quem esteve casado desde 1946, e os filhos John William, James Earl Carter III, Donnel Jeffrey e Amy Lynn. O democrata teve câncer no fígado e no cérebro, em 2015. Chegou a se recuperar, mas enfrentou uma série problemas de saúde novamente, em 2019, passando por uma cirurgia para remover a pressão em seu cérebro. A partir desse momento, Carter reduziu os compromissos sociais e parou de dar aulas na escola dominical na Igreja Batista Maranatha, em Plains, sua cidade natal. Ele estava sob cuidados paliativos desde fevereiro de 2023.
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O ex-presidente norte-americano pertencia a uma tradicional família fazendeira do Sul dos Estados Unidos, que cultivava amendoins, e serviu como oficial da Marinha norte-americana antes de ingressar na política.
Após a morte do pai, em 1953, deixou o serviço naval e voltou para Plains para assumir a fazenda da família. Esse período foi marcado por sua oposição à segregação racial e seu apoio ao crescente movimento pelos direitos civis. Dessa forma, Carter acabou se tornando um ativista dentro do Partido Democrata.
Representou o estado da Geórgia duas vezes como senador e uma vez como governador, cargo que ocupou de 1971 a 1975. Depois disso, em 1976, candidatou-se à presidência dos EUA. Na ocasião, venceu o republicano George Ford e tornou-se o 39º presidente norte-americano, servindo de 1977 a 1981.
Sua biografia no site oficial da Casa Branca mostra que Carter tinha como meta tornar o governo dos EUA “competente e compassivo”, sensível ao povo americano e às suas expectativas. E destaca como suas realizações como presidente foram notáveis, especialmente considerando-se que, durante seu governo, teve de lidar com aumento nos custos de energia, alta da inflação e tensões sociais contínuas.
Mediação de conflitos e direitos humanos
A carreira política de Jimmy Carter é marcada por sua forte atuação em defesa dos direitos humanos. Em 2022, o ex-presidente americano recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo trabalho que realizou em encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, a luta para promover a democracia e os direitos humanos e o foco no desenvolvimento econômico e social.
O político estabeleceu um estilo próprio na condução das relações exteriores. Um dos fatos marcantes de sua trajetória nesse sentido sua mediação dos conflitos entre Egito e Israel, ajudando a reconduzir laços de amizade entre esses países por meio do acordo de Camp David, de 1978. Também conseguiu a ratificação dos tratados do Canal do Panamá, e estabeleceu relações diplomáticas com a República Popular da China.
Depois da presidência, o democrata se aprofundou ainda mais nos direitos humanos, fundando o Carter Center com sua esposa. Até hoje, a instituição do casal tem trabalhado para promover a democracia no mundo.
Apoio a Obama
Em 2008, Carter deu forte apoio à candidatura de Barack Obama. Quando anunciou o câncer, em 2015, Obama e sua esposa Michelle emitiram comunicado afetuoso apoiando Carter e sua família. “Michelle e eu enviamos nossos melhores desejos para o presidente Carter, para que ele tenha uma recuperação rápida e completa. (…) Jimmy, você é tão resistente como eles vêm e, junto com o resto da América, estamos torcendo por você”, dizia o texto do também ex-presidente dos Estados Unidos.