08/11/2024 - 17:18
O economista Ibrahim Eris, presidente do Banco Central entre março de 1990 e maio de 1991, faleceu nesta sexta-feira, 8, aos 80 anos. Eris foi indicado ao cargo durante a gestão de Zélia Cardoso de Mello no Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento. O presidente era Fernando Collor de Mello.
O Banco Central emitiu uma nota de pesar diante de seu falecimento. “Ex-presidente do Banco Central entre março de 1990 e maio de 1991, Eris não mediu esforços no trabalho de assegurar para a sociedade brasileira uma economia estável e com inflação controlada. Por onde passou, Eris deixou sua marca de alto profissionalismo e empenho no que fazia”, afirma o texto.
Nascido na Turquia, o economista realizou seu doutorado na Vanderbilt University, em Nashville, Estados Unidos, ao longo de quatro anos. Foi em seguida professor da Rice University, no Texas, onde conheceu sua esposa, a já falecida Cláudia Cunha Campos Eris. Ao lado dela, mudou-se para o Brasil em 1973.
“Eu tinha a fantasia de morar no Brasil um dia”, lembrou em entrevista comemorativa publicada pelo Banco Central. “Como qualquer turco, a imagem que tinha do Brasil era a da Bahia misturada com a do Rio. E gostava do futebol brasileiro, sem dúvida, especialmente do Pelé. Era essa a imagem que eu tinha do Brasil”, descreveu.
Assumiu como professor convidado na USP, onde teve entre seus alunos diversos futuros políticos, como Aloizio Mercadante, Dilma Rousseff e Pérsio Arida. Deixou a posição na universidade para assumir o cargo de vice-presidente no Ipea. Depois, passou a atuar na consultoria privada.
Foi convidado por Zélia Cardoso de Mello para participar da criação do programa econômico de Collor de Melo em 1989 e, após a eleição, para o comando do BC. Deixou a autarquia dois meses após a implementação do Plano Collor, que confiscou valores das cadernetas de poupança no país.
“Participei desde o início na elaboração do plano”, contou na entrevista ao BC. “Depois de alguns meses, comecei a perceber que não teríamos sucesso no combate à inflação. Começaram as pressões, os vazamentos – essa era uma palavra muito popular na época. Os aspectos monetários do plano foram mal recebidos e também tive muitas dificuldades com o setor privado, não houve a colaboração que eu esperava.”
Confira trecho da entrevista abaixo:
O economista será velado e a despedida ocorre neste sábado, 9, das 10h às 13h30, no Cemitério do Morumby, zona oeste de São Paulo.